O Lixo que nos Condiciona

Investigações sobre a Relação com o "Pai" e "Mãe" em um Presente Insustentável

Autores

  • Ana Catarina Santilli Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.23925/2318-5023.2022.n6.e62885

Palavras-chave:

Olhar Ecológico, Sociedade do Lixo, Patriarcado e Matriarcado;, Puer e Senex, Anima Mundi

Resumo

Este artigo tem como proposta investigar como a sociedade ocidental tem se relacionado com os modelos arcaicos do “pai” e da “mãe” e como essa relação pode colaborar para a crise de sustentabilidade planetária vivenciada no presente século. Para tanto foi realizado um estudo a respeito de como os princípios paterno e materno têm se manifestado, a partir de uma revisão bibliográfica da filosofia de Vilém Flusser, que trata sobre o “aparelho” e a “sociedade do lixo”, da psicologia arquetípica de James Hillman, que escreveu sobre a dupla puer e senex e sobre a anima mundi; e das análises de Luigi Zoja a respeito do “pai”. Partindo da contribuição desses autores, podemos encarar a atual civilização ocidental como uma sociedade de “funcionários” presa à primeira infância, não mais guiada por figuras paternas, mas programada por um “aparelho” sem escrúpulos; empanturrada por “bens materiais”, matéria que perdeu seu status sagrado de maternidade e que foi transformada em escrava sem alma proibida de falhar, ou então em “lata de lixo” da humanidade. Mas a partir do pensamento desses mesmos autores, também é possível vislumbrar alguns caminhos para se desenvolver um olhar mais ecológico para o mundo, a partir das ciências arqueológicas, propostas por Vilém Flusser, e da aistheis, defendida por James Hillman.

Biografia do Autor

Ana Catarina Santilli, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Ana Catarina Santilli é mestre e doutoranda em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e bolsista do CNPq.

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Publicado

2022-12-15