Cinema, alucinação e linguagem onírica

A psicanálise na velocidade das telas surreais de David Lynch

Autores

  • Marcelo Gonçalves Rodrigues Psicanalista. Docente e supervisor clínico no curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Fundação Educacional de Penápolis (SP) FAFIPE/FUNEPE. https://orcid.org/0000-0001-6110-2594

DOI:

https://doi.org/10.23925/2318-9215.2023v9n1D7

Palavras-chave:

Cinema, Sonhos, Psicanálise

Resumo

Apresenta-se neste artigo a tentativa de enunciar o entrelaçamento familiar entre a produção fílmica, a formação dos sonhos, e a linguagem onírica. A aproximação desses objetos como cinema, linguagem e composição imagética dos sonhos é bem pontuada nos estados estéticos cinematográficos do diretor, David Lynch. Assim, como dialógica complementar acerca da formação dos sonhos, do cinema e da imagem no seio de nossa cultura capitalista, percorremos também pela via da tradição filosófica da Teoria Crítica da Sociedade para a qual os dispositivos tecnológicos em tela funcionam como descarga de estimulação fora do normal impossível de ser absorvida pelo sistema nervoso. Semelhante aos pesadelos recorrentes dos soldados de guerra tal estimulação tecnológica tem igual propósito, direcionar o usuário à compulsão de repetição agitada, viciante e rápida para poder mitigar o choque traumático por meio da hiperinflação de imagens.

Biografia do Autor

Marcelo Gonçalves Rodrigues, Psicanalista. Docente e supervisor clínico no curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Fundação Educacional de Penápolis (SP) FAFIPE/FUNEPE.

Psicanalista. Docente e supervisor clínico no curso de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Fundação Educacional de Penápolis (SP) FAFIPE/FUNEPE. Mestre em Educação Escolar pela Universidade Estadual Paulista - UNESP- FCL, campus Araraquara. Psicólogo formado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus Bauru. Desenvolveu estudos e pesquisas sobre a temática Universidade, aceleração e semiformação. É integrante do respectivo grupo de pesquisa: Ética, Educação e Direitos Humanos, na linha de pesquisa: Teoria Crítica, Novas Tecnologias, Ética e Educação. Desenvolve estudos relacionados às conexões entre inteligência artificial, algoritmos, corpo e inconsciente.

Referências

ADORNO, T; HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

BENJAMIN, W. Obras escolhidas. Vol. 1. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1985.

CHION, M. Audio-Vision. sound on screen. New York: Columbia Universty Press, 2005.

ENGELS, F. MARX, K. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo editorial, 1998.

FLUSSER, V. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. São Paulo: Annablume, 2011.

FREUD, S. A interpretação dos sonhos. São Paulo: Companhia das letras, 2019.

FREUD, S. O mal-estar na civilização: novas conferências introdutórias. A psicanálise e outros textos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

GILBEY, S. Spoke Art. Disponível em: https://kultt.fr/des-artistes-exposent-leur-vision-de-david-lynch-a-san-francisco/ Acesso em: 17/08/2023.

LACAN, J. O Seminário, Livro 3: As Psicoses. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008a.

LACAN, J. O seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008b.

LACAN, J. Seminário, livro 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

LACAN, L. Seminário, livro 21: Os não-tolos erram: os nomes do pai. Porto Alegre: Editora Fi, 2018.

LACAN, J. A instância da letra no inconsciente ou a razão desde de Freud. In: Lacan, J. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998a (pp. 496-536).

LACAN, J. O engano no sujeito suposto saber. In: Jacques Lacan. Outros Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

LACAN, J. O estádio do espelho como formador da função do eu tal como nos é revelada na experiência psicanalítica. In: Lacan, J. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998b (pp. 96-103).

MULHOLLAND DRIVE. David Lynch. Universal Studios. EUA: 2001. Califórnia: Universal Pictures. 2001. Plataforma de streaming. (147 minutos), colorido.

NATTERER, A. My eyes in the time of apparition, 1913. Domínio público. Disponível em: https://www.wikiart.org/en/august-natterer/my-eyes-in-the-time-of-apparition-1913. Acesso em: 20/08/2023.

TUBRETT, D. ’So where are you?’ On memento, memory, and the sincerity of self-deception. Cineaction, 56, 2-10, 2001.

TÜRCKE, C. Filosofia do sonho. Ijuí: Ed. Unijuí, 2010a.

TÜRCKE, C. Sociedade excitada: filosofia da sensação. Campinas: Unicamp, 2010b.

TÜRCKE, C. Hiperativos: abaixo a cultura do déficit de atenção. Paz e Terra, 2012.

ZIZEK, S. O mais sublime dos histéricos. Hegel com Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991.

ZIZEK, S. The art of the ridiculous sublime: on David Lynch’s Lost Highway.

Seattle: University of Washington Press, 2000.

ZIZEK, S(org.). Um mapa da ideologia. Contraponto, 2010.

Downloads

Publicado

2024-07-28

Como Citar

Rodrigues, M. G. (2024). Cinema, alucinação e linguagem onírica: A psicanálise na velocidade das telas surreais de David Lynch. PARALAXE, 9(1). https://doi.org/10.23925/2318-9215.2023v9n1D7