Você tem fome de quê?
Abstract
Partindo dos conceitos de escrita e estética de Jacques Rancière este trabalho pretende pensar sobre as maneiras como tais conceitos se efetuam na escrita literária de Um artista da fome, conto de Franz Kafka (1998), ocupando e dando sentido ao sensível, no gesto que pertence e alegoriza a constituição estética kafkiana. Fome que não circula simplesmente pela falta de comida. A fome sentida é a insistência pela satisfação, é a presença eficaz de uma nunca-saciedade, de uma existência descompassada do preenchimento. A veracidade exigida pelo público, pelos vigilantes e pelo próprio artista, que transita entre a suspeita do jejum e a exaltação admirável da recusa de comer. Pergunta-se, então, o que essa escrita kafkiana faz atravessar? Atravessa, pois, esse modo de existir, que não passa pela sobrevivência e comprovação biológica, mas pelas entranhas e entremeios da abstinência, pela fome política do existir, na constituição de singularidades numa maquinaria de justiça.
PALAVRAS-CHAVES: Escrita; Estética; Literatura.Downloads
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