Imagens que machucam. Notas sobre a poética da fotografia em Roland Barthes
Abstract
Há uma “cozinha do sentido” em Roland Barthes, que tudo abrange. Os objetos mais aparentemente utilitários _ escreveu ele _ prestam-se a uma análise semiológica. É subjacente a tal entendimento a suposição de que as sociedades e suas práticas só se revelam a nós através de seus signos. No entanto, desconfortando todo o anterior, Barthes joga também com representações capazes de se esquivar à linguagem. Não apenas isso mas dota-as de poderes inquietantes, toma-as como objetos auráticos. É o que explicam os conceitos sui generis e hoje clássicos de “terceiro sentido” e de punctum, respectivamente endereçados a certos frames cinematográficos e a certas fotos cuja relação com a referencialidade lhe parece tangível. Trata-se de enfatizar a singularidade dessa outra visão possível das imagens técnicas, que surge em contraste radical com a denúncia dos simulacros própria da iconoclastia novecentista, enfatizando a coragem de uma intervenção intelectual que contraria ideias feitas. Trata-se também de assinalar a utilidade daqueles conceitos para o crítico e o pensador das artes modernas e muito modernas, com suas linguagens desfuncionais, no limiar do silêncio.
PALAVRAS-CHAVE: Barthes; Estruturalismo; Fotografia; Punctum.
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Cedo à revista Paralaxe os direitos autorais de publicação de meu artigo e consultarei o editor científico da revista caso queira republicá-lo depois em livro.