Como posso ajudar? O servidor público entre o mercado e a politéia.

Análise fílmica da série New Amsterdam à luz de conceitos ergológicos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/2237-4418.2020v35i3p.110-128

Palavras-chave:

Gestão Pública, Espaço Tripolar, Debate de normas, Usos de si, Análise Fílmica

Resumo

Este artigo objetiva discutir, a partir da análise fílmica de cenas da primeira temporada da série New Amsterdam, os debates de normas e as dramáticas dos usos de si no serviço público, à luz dos conceitos ergológicos. Os movimentos de reforma da administração pública e a introdução dos modelos gerenciais da iniciativa privada no serviço público implicaram na transformação do Estado de Bem-Estar Social e na mudança da estratégia de atuação governamental no que diz respeito à alocação de recursos e à condução das políticas públicas (PAES DE PAULA, 2005, 2010). As mudanças provocadas estão intimamente relacionadas com os valores que norteiam as sociedades ditas capitalistas, mas não ocorrem de forma tranquila – embora sejam parte do processo histórico, tendo em vista a tensão entre valores dimensionáveis e sem dimensão (SCHWARTZ et. al., 2010b). Para o servidor público, que atua tanto como gestor quanto como prestador de serviços, resta o papel de agente na construção da história, assumindo a gestão, o lugar de decisor em relação a quais valores devem predominar na sua atividade de trabalho. As cenas analisadas, à luz da discussão teórica, apontam para a aplicabilidade do espaço tripolar, proposto por Schwartz et. al. (2010b), ao estudo dos conflitos vivenciados por servidores públicos no contexto de valores globais e orientados mais para ajustes fiscais e austeridade do que para o bem comum.

Biografia do Autor

Renata Kelly Alves Fonseca, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET/MG

Aluna do mestrado em Administração do Programa de Pós-Graduação em Administração do CEFET/MG. Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental pela Fundação João Pinheiro/MG. Assessora Estratégica na Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais

Lilian Bambirra de Assis, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET/MG

É professora do CEFET-MG e chefe do departamento de Ciências Sociais Aplicadas. Foi presidente da Fundação CEFET-MG e professora na Universidade Federal de Ouro Preto. É doutora em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais e atuou como coordenadora executiva da Certificação Ocupacional do Estado de Minas Gerais.Tem experiência na área de Administração, com ênfase em recursos humanos e organizações, gestão pública, teoria crítica, economia da educação, certificação, estratégia e reestruturação.

Lívia Maria de Pádua Ribeiro, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET/MG

Doutorado em Administração pela Universidade Federal de Lavras (2014), mestrado em Administração pela Universidade Federal de Lavras (2006), especialização em Gestão Estratégica pela Universidade Federal de Minas Gerais (2003) e graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Minas Gerais (2002). Atualmente é professora efetiva do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), leciona na graduação em Administração e no Programa de Pós-graduação em Administração (PPGA). Tem experiência na área de Administração e Contabilidade, atuando principalmente no seguinte tema: controladoria e gestão de custos; administração pública e contabilidade pública.

Referências

ABRÚCIO, F. L. Os avanços e os dilemas do modelo pós-burocrático: a reforma da Administração Pública à luz da experiência internacional recente. In: BRESSER-RPEREIRA, L. C.; SPINK, P. (Org.). Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial. 7. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2014. p. 173-199.

BRULON, V. et. al. Choque de gestão ou choque de racionalidades? O desempenho da administração pública em questão. Revista Eletrônica de Administração, v. 19, n. 1, p. 01-34, 2013.

CARMO, L. J. O. et. al. Reflexões sobre o instrumentalismo da gestão: análise fílmica de Gattaca. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v.5 n. 14, p. 1165-1217, 2018.

ECHEBARRÍA, K.; MENDOZA, X. La Especificidad de la Gestión Pública: El Concepto de Management Público. In: LOSADA I MARRODÁN, Carlos (Ed.). ¿De burócratas a gerentes? Las ciencias de la gestión aplicadas a la administración del Estado. Washington, D.C.: BID, p. 15-46, 1999.

FREITAS, A. D. G. de; LEITE, N. R. P. Linguagem fílmica: uma metáfora de comunicação para a análise dos discursos nas organizações. Revista de Administração, v. 50, n. 1, p. 89-104, 2015.

GOMES, D. C, et. al. Faces da cultura e do jeitinho brasileiro: uma análise dos filmes o auto da compadecida e saneamento básico. HOLOS, v. 6, p. 502-519, 2015.

LEITE, N. R. P. & GARDINI, A. P. S. As diferenças individuais e o discurso pedagógico, à luz de cinco filmes. Anais dos XIX Seminários em Administração FEA/USP, São Paulo, 2016.

LOPEZ, F.; GUEDES, E. Três Décadas de Evolução do Funcionalismo Público no Brasil (1986-2017): atlas do estado brasileiro. IPEA. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/atlasestado/download/154/tres-decadas-de-funcionalismo-brasileiro-1986-2017. Acesso em: 01 abr. 2020.

METCALFE, L. A gestão pública: da imitação à inovação. LOSADA I MARRODAN, Carlos (org.). Nova Gestão Pública e o desafio das técnicas gerenciais. Vitória: ESESP, 2009. p 47-68.

MIRANDA, U. L., et. al. Nós, Daniel Blake: uma análise dos dispositivos de dominação e controle. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v.5 n. 14, p. 1265-1313, 2018.

OLTRAMARI, A. P., et. al. “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”: o cinema e suas possibilidades na formação em Administração. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v.5 n. 14, p. 954-988, 2018.

PAES DE PAULA, A. P. Por uma nova gestão pública. São Paulo: FGV, 2010.

PENAFRIA, M. Análise de Filmes - conceitos e metodologia(s). In: VI Congresso SOPCOM, Lisboa, 2009. Anais eletrônicos. Lisboa, SOPCOM, 2009. Disponível em: <http://www.bocc.uff.br/pag/bocc-penafria-analise.pdf.> Acesso em: 10 Fev. 2020.

REZENDE, F. da C. O ajuste gerencial e seus limites: a falha sequencial em perspectiva comparada. Revista Sociologia Política, Curitiba, v. 16, n. supl., p.127-143, ago. 2008.

SAMPAIO, J. R. A pesquisa qualitativa entre a fenomenologia e o empirismo formal. Revista de Administração, São Paulo, v. 36, n. 2, p. 16-24, 2001.

SCHERDIEN, C., et. al. Relações de trabalho e cinema: uma análise do filme “Que horas ela volta?”. Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v.5 n. 12, p. 130-197, 2018.

SCHWARTZ, Y et al. Trabalho e Ergologia. In: Schwartz, Y; Durrive, L. Trabalho e Ergologia. Conversas sobre a atividade humana. 2. ed. rev. amp. Rio de Janeiro: Eduff, 2010a. p. 26-46.

SCHWARTZ, Y, et. al. O Homem, o mercado e a cidade. In: SCHWARZ, Y.; DURRIVE, L (org.). Trabalho e Ergologia. Conversas sobre a atividade humana. 2. ed. rev. amp. Rio de Janeiro: Eduff, 2010b. p. 247-273.

SCHWARTZ, Y. Circulações, dramáticas, eficácias da atividade industriosa. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v.2, n.1, p. 35-55, 2004.

VANOYE, F.; GOLIOT-LÉTÉ, A. Ensaio sobre a análise fílmica. 5. ed. Campinas: Papyrus, 2008.

Downloads

Publicado

2021-10-19