Imigrantes e refugiados: a vivência de uma experiência formativa multiletrada com professores e formadores
DOI:
https://doi.org/10.23925/1982-4807.2020i28p83-96Palavras-chave:
experiência formativa, imigrantes e refugiados, multiletramentos, professores, formadoresResumo
O presente artigo incide no compartilhamento de uma proposta formativa realizada para o mestrado profissional em Formação de Formadores da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo na disciplina “Multiculturalidade, multimídia e multimodalidade na formação de educadores e de formadores” sobre uma problemática pertinente e atual: refugiados e imigrantes no Brasil. A formação envolveu a criação e apresentação de uma proposta de formação de professores com intenção crítica colaborativa (LIBERALI, 2015) e a expansão de práticas educativas por meio da Pedagogia dos multiletramentos (NEW LONDON GROUP, 1996/2000; ROJO, 2009). Desenvolvida a partir das competências e habilidades destacadas pela Base Nacional Comum Curricular - BNCC (2017), integrou um trabalho interdisciplinar com a articulação de áreas do conhecimento e expectativas de aprendizagens correspondentes aos anos iniciais do ensino fundamental. Como ponto de partida e momento de “prática situada”, optou-se por um tema norteador com a leitura da obra literária “A viagem” da autora Francesca Sanna (2016). Essa imersão na história propiciou a oportunidade de inserção no tema e relacionou-se à sequência de vivências propostas com o objetivo de criar empatia com as pessoas que vivem entre as problemáticas estabelecidas, por permitir imaginar-se e colocar-se minimamente no lugar do outro, como também pela descoberta das sensações e sentimentos despertados por sua participação. Além da leitura, a proposta de formação possibilitou experimentar e presenciar por meio de múltiplos recursos, novos olhares, sentimentos, pensamentos e ações transformativas dos multisaberes. Essa proposta tem como objetivo impulsionar a empatia com imigrantes e refugiados, por organizar estratégias didáticas que permitam alunos, professores e formadores a percepção sobre o lugar do outro, com sensações e sentimentos despertados por sua interação na proposta formativa. O desenvolvimento dessa formação acontece a partir de uma situação ou vivência por meio de “instrução evidente”, o que permite a participação ativa e crítica dos participantes em debates e reflexões, e a explanação sobre os diferentes aspectos de determinado assunto, propiciando o momento do “enquadramento crítico”, que traz luz à solução das problematizações. Na culminância da proposta espera-se que os sujeitos possam compartilhar seus entendimentos na “prática transformada” e materializá-la pela elaboração de um roteiro para sintetizar seus aprendizados durante todo processo, com a utilização de mídias diferenciadas para representar suas aprendizagens e desenvolver a reflexão crítica sobre a diversidade cultural e territorial dos processos migratórios.