Femigenocídio e sanación: limites da reparação pela violência de gênero na guerra da Guatemala e a proposta de uma coletiva comunitária
DOI:
https://doi.org/10.23925/1982-4807.2022i30.p-89-119Palavras-chave:
Comisión para el Esclarecimiento Histórico, Guatemala, Mulheres indígenas, Femigenocídio, Actoras de CambioResumo
O artigo analisa o conflito armado na Guatemala (1960-1996), quando as forças militares, principalmente estatais, cometeram violência sexual massiva contra mulheres indígenas, com alto número de mortes. O estudo realiza um recorte de gênero e raça, especificando a violência contra a mulher indígena, a partir do conceito de femigenocídio, indiferente às normativas internacionais de proteção de direitos humanos e sua falha sobre um processo eficiente de reparação, por ocasião da justiça de transição, que constituiu uma “Comisión para el Esclarecimiento Histórico” [Comissão de Esclarecimento Histórico] (CEH). Observa-se no seu Relatório Final, a ausência de instrumentos mais sensíveis e capazes de identificação da violência de gênero e a intenção femigenocida do próprio Estado. Ao não serem representados adequadamente no documento da CEH, ocasionam um tipo de invisibilização das experiências de violências, considerando sobretudo que as vítimas centrais foram as mulheres de origem Maya. Por que não houve avanços nas reparações materiais massivas e simbólicas pelos crimes do passado contra as mulheres indígenas, depois das transições à paz, na Guatemala? Quais movimentos surgem a partir da organização e cosmovisão das comunidades e do feminismo comunitário.
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