Femigenocídio e sanación: limites da reparação pela violência de gênero na guerra da Guatemala e a proposta de uma coletiva comunitária

Autores

  • Vivian Urquidi Pós-graduação em Integração da América Latina (PROLAM), Programa de Pós-graduação em Estudos Culturais; Núcleo de Pesquisa Diálogos Interseccionais e Epistemologias Latinoamericanas (Nupedelas) da Universidade de São Paulo https://orcid.org/0000-0003-4349-7179
  • Graziela Tavares de Souza Reis Universidade de São Paulo https://orcid.org/0000-0001-9165-8024
  • Ana Carolina Moura Almeida Universidade de São Paulo https://orcid.org/0000-0001-7621-3115

DOI:

https://doi.org/10.23925/1982-4807.2022i30.p-89-119

Palavras-chave:

Comisión para el Esclarecimiento Histórico, Guatemala, Mulheres indígenas, Femigenocídio, Actoras de Cambio

Resumo

O artigo analisa o conflito armado na Guatemala (1960-1996), quando as forças militares, principalmente estatais, cometeram violência sexual massiva contra mulheres indígenas, com alto número de mortes. O estudo realiza um recorte de gênero e raça, especificando a violência contra a mulher indígena, a partir do conceito de femigenocídio, indiferente às normativas internacionais de proteção de direitos humanos e sua falha sobre um processo eficiente de reparação, por ocasião da justiça de transição, que constituiu uma “Comisión para el Esclarecimiento Histórico” [Comissão de Esclarecimento Histórico] (CEH). Observa-se no seu Relatório Final, a ausência de instrumentos mais sensíveis e capazes de identificação da violência de gênero e a intenção femigenocida do próprio Estado. Ao não serem representados adequadamente no documento da CEH, ocasionam um tipo de invisibilização das experiências de violências, considerando sobretudo que as vítimas centrais foram as mulheres de origem Maya. Por que não houve avanços nas reparações materiais massivas e simbólicas pelos crimes do passado contra as mulheres indígenas, depois das transições à paz, na Guatemala? Quais movimentos surgem a partir da organização e cosmovisão das comunidades e do feminismo comunitário.

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Biografia do Autor

Vivian Urquidi, Pós-graduação em Integração da América Latina (PROLAM), Programa de Pós-graduação em Estudos Culturais; Núcleo de Pesquisa Diálogos Interseccionais e Epistemologias Latinoamericanas (Nupedelas) da Universidade de São Paulo

[1] URQUIDI, Vivian. Pós-graduação em Integração da América Latina (PROLAM), Programa de Pós-graduação em Estudos Culturais; Núcleo de Pesquisa Diálogos Interseccionais e Epistemologias Latinoamericanas (Nupedelas) da Universidade de São Paulo. e-mail: vurquidi@usp.br https://orcid.org/0000-0003-4349-7179

Graziela Tavares de Souza Reis, Universidade de São Paulo

REIS, Graziela Tavares de Souza. Doutoranda em Pós-graduação em Integração da América Latina (PROLAM) Núcleo de Pesquisa Diálogos Interseccionais e Epistemologias Latinoamericanas (Nupedelas) da Universidade de São Paulo. E-Mail: grazielareis@usp.br. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9165-8024

Ana Carolina Moura Almeida, Universidade de São Paulo

Mestranda do Programa de Pós-graduação Estudos Culturais (PEC), Núcleo de Pesquisa Diálogos Interseccionais e Epistemologias Latinoamericanas (Nupedelas) da Universidade de São Paulo.

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Publicado

2022-11-04

Como Citar

Urquidi, V., Reis, G. T. de S. ., & Almeida, A. C. . M. . (2022). Femigenocídio e sanación: limites da reparação pela violência de gênero na guerra da Guatemala e a proposta de uma coletiva comunitária. Ponto-E-Vírgula, (30), p.89–119. https://doi.org/10.23925/1982-4807.2022i30.p-89-119