Significações de crianças sobre o futuro de educandos com queixas escolares
DOI:
https://doi.org/10.23925/2175-3520.2022i55p58-69Palavras-chave:
Crianças, Queixas escolares, Psicologia Histórico-CulturalResumo
Este artigo propõe-se a discutir as significações de crianças sobre o futuro de educandos com queixas escolares. Adota-se como referencial teórico-metodológico os fundamentos da Psicologia histórico-cultural edificada no materialismo histórico-dialético. Foram analisadas as enunciações de crianças de uma escola municipal, situada em Cuiabá-MT. Os procedimentos investigativos se alicerçaram no estudo do tipo etnográfico, utilizando-se da observação participante do cotidiano escolar, combinada com a realização de entrevistas, embasada no pressuposto de promoção de pesquisa com crianças e não sobre elas. Os dados revelaram uma presença significativa da dicotomia bom/mau orientando as significações de educandos(as) nas relações interperssoais estabelecidas com os pares identificados com queixas escolares, que foram objetivadas, simultaneamente, em possibilidades deles virem a ser policiais ou criminosos. Ao mesmo tempo, também sinalizaram a existência, em menor grau, de aspectos que tendem a promover rupturas em antinomias que engendram visões individualizantes dos fenômenos escolares, na medida em que práticas educativas imbuídas por valores humano-genéricos dirigidos ao processo de humanização também foram elementos incorporados em suas explicações sobre as perspectivas de futuro da “criança difícil”.
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