Ciência da religião como discurso colonialista: o caso de Rudolf Otto

Autores

  • Timothy M. Murphy University of Alabama

DOI:

https://doi.org/10.23925/1677-1222.2018vol18i1a15

Palavras-chave:

Rudolf Otto. Colonialismo. Ciência da religião. Fenomenologia da religião

Resumo

A abordagem dominante na ciência da religião conhecida como fenomenologia da religião possui um pressuposto central de que subjacente à multiplicidade de religiões historicamente e geograficamente dispersas há um substrato metafísico e trans-histórico chamado de “o homem”, Geist ou “consciência”. Esse substrato transcultural é um agente expressivo de natureza uniforme e essencial. Ao interpretar os dados da religião como “expressões” desse substrato, poderíamos entender de forma empática seu significado. Assim, Geist, ou “o homem”, é uma filosofia da história e uma teoria hermenêutica. Também forma um conjunto sistemático de representações que reproduz a estrutura das relações assimétricas entre os europeus e os colonizados pelos europeus. A metanarrativa de Geist é uma narrativa da supremacia – palavras deles, não minhas – da Europa branca cristã sobre a África negra “primitiva” e a Ásia “despótica”. O espírito se move do sul para o norte; afastando-se do oriente para o ocidente. Este artigo localiza o trabalho de Rudolf Otto dentro da estrutura e história do discurso fenomenológico, argumentando que a ciência da religião como ali descrita se adapta perfeitamente às estruturas do discurso colonial como já discutidas e analisadas por teóricos como Jacques Derrida e Edward Said.

Biografia do Autor

Timothy M. Murphy, University of Alabama

Doutor em História pela Universidade da Califórnia. Foi professor do departamento de Ciência da Religião da Universidade do Alabama de 2002 até seu falecimento em 2013

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Publicado

2018-05-17

Edição

Seção

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