A tradição das origens
Revisões na teoria de Gunkel e a antiguidade da narrativa da criação
DOI:
https://doi.org/10.23925/1677-1222.2021vol21i2a3Palavras-chave:
Criação, Gunkel, Gênesis, antiguidade, reprodução textual.Resumo
A tese de Herman Gunkel, no final do século 19, de que o relato das origens em Gênesis deriva do mito babilônico Enuma Elish exerceu grande influência com o paradigma da criação por meio de conflito com as forças do caos. No entanto, a ampliação do conhecimento acerca das antigas narrativas da criação e a decifração dos textos míticos de Ras Shamrah despertaram uma nova percepção acerca da relação entre o texto de Gênesis e o mito babilônico. Por outro lado, diversos estudos dos últimos anos abriram outras perspectivas na compreensão da natureza dos textos de combate e de criação. Além disso, a ocorrência de mitos da criação em diferentes culturas sugere que uma tradição pré-histórica da criação pode ter alimentado essa rede de textos míticos em processo de migração e reprodução textual. Este artigo analisa essas tendências no estudo das narrativas míticas das origens bem como a possibilidade de o relato de Gênesis ser o depósito de uma tradição que aponta para a alta antiguidade. O fenômeno da reprodução da narrativa das origens no mundo antigo é por fim analisado à luz da teoria das relações entre as culturas conforme concebida pela Semiótica da Cultura.
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