Decolonialidade e experiência religiosa da “dupla pertença”
Um olhar a partir da subjetividade fronteiriça
DOI:
https://doi.org/10.23925/1677-1222.2023vol23i1a15Palavras-chave:
Decolonialidade, Experiência religiosa, Dupla pertença, Cristianismo negroResumo
O presente artigo se propõe não apenas em falar sobre a decolonialidade, mas sobretudo apresentar-se como um texto situado na subalternidade, isto é, como um texto produzido por e para a subalternidade. Trata-se de seguir na assunção do projeto político-epistêmico da decolonialidade em fazer emergir a subalterna como pensadora, criadora e ativista capaz de fomentar um conhecimento outro que seja portador da expressão de um mundo novo, um mundo mais plural. Dividiremos o texto em duas partes. Na primeira, recuperamos alguns conceitos básicos sobre o que venha ser o projeto político-epistêmico da decolonialidade. De maneira que a ciências da religião não incorra no risco de reduzir a decolonialidade a mais um tema entre outros temas a ser estudados academicamente. Na segunda parte, buscamos retirar da invisibilidade a experiência religiosa da “dupla pertença” das negras e negros cristãos e a necessidade de estabelecer um diálogo epistemológico sul-sul para a consolidação de um cristianismo negro.
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