Decolonialidade e experiência religiosa da “dupla pertença”

Um olhar a partir da subjetividade fronteiriça

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1677-1222.2023vol23i1a15

Palavras-chave:

Decolonialidade, Experiência religiosa, Dupla pertença, Cristianismo negro

Resumo

O presente artigo se propõe não apenas em falar sobre a decolonialidade, mas sobretudo apresentar-se como um texto situado na subalternidade, isto é, como um texto produzido por e para a subalternidade. Trata-se de seguir na assunção do projeto político-epistêmico da decolonialidade em fazer emergir a subalterna como pensadora, criadora e ativista capaz de fomentar um conhecimento outro que seja portador da expressão de um mundo novo, um mundo mais plural.  Dividiremos o texto em duas partes. Na primeira, recuperamos alguns conceitos básicos sobre o que venha ser o projeto político-epistêmico da decolonialidade. De maneira que a ciências da religião não incorra no risco de reduzir a decolonialidade a mais um tema entre outros temas a ser estudados academicamente. Na segunda parte, buscamos retirar da invisibilidade a experiência religiosa da “dupla pertença” das negras e negros cristãos e a necessidade de estabelecer um diálogo epistemológico sul-sul para a consolidação de um cristianismo negro.

Biografia do Autor

Cleusa Caldeira, Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Pós-doutoranda em Teologia

Pós-doutoranda em teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Doutora em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE) em Belo Horizonte (2017). Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2011). Especialização em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2009). Bacharel em Teologia pelo Seminário Rev. Antonio de Godoy Sobrinho (2003), convalidou o diploma pela UNIFIL (2007), ambos em Londrina-Pr. Exerce o ministério pastoral na Igreja Presbiteriana Independente do Brasil e contribui pastoralmente na Igreja Presbiteriana Unida do Brasil. Pesquisa atualmente sobre o acontecimento da redenção em contexto pós-moderno. Atuando também nos temas: Teologia Feminista; Hermenêutica Negra, Leitura popular da Bíblia; Teologia fundamental; teologia da libertação. É consultora da CENACORA (Comissão Ecumênica Nacional de Combate ao Racismo), desde 2014. Membro da Soter ( Sociedade de Teologia e Ciências da Religião), desde 2013.

Referências

BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón. Introdução: Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón (Org.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2019, p. 9-26.

CALDEIRA, C. Theoquilombism: Black Theology Between Political Theology and Theology of Inculturation. Perspectiva Teológica, Belo Horizonte, v. 53, p. 137-159, 2021.

CALDEIRA, C. Teologia negra e mulherismo africana. O poder das mulheres de matrigestar potências de vida. Perspectiva Teológica, Belo Horizonte, v. 55, p. 213-237, 2023.

CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Lisboa: Augusto Sá da Costa, 2006.

DUSSEL, Enrique. 1492: el encubrimiento del otro: hacia el origen del mito de la modernidad. La Paz: Plural, 1994.

DUSSEL, E. Transmodernidade e interculturalidade: interpretação a partir da filosofia da libertação”. Revista Sociedade e Estado, n.1, Brasília, p. 51-73, 2016.

DUSSEL, E. Descolonização epistemológica da teologia. Concilium, Petrópolis, v. 350, p. 19-30, 2013.

DUSSEL, Enrique. Un diálogo con Gianni Vattimo. De la Postmodernidad a la Transmodernidad. A Parte Rei, n. 54, 2007. Disponível em: http://serbal.pntic.mec.es/~cmunoz11/dussel54.pdf. Acesso em: 15 set 2018

ESCOBAR, Arturo. “Prefácio”. In: ESPINOSA MIÑOSO, Yuderkys; CORREAL, Diana Gómez; MUÑOZ, Karina Ochoa. Tejiendo de otro modo: feminismo, epistemología y apuestas descoloniales en Abya Yala. Popayán: Universidad del Cauca, 2014. p. 11-12.

GROSFOGUEL, R. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica em Ciências Sociais, p. 115-147, 2008.

GROSFOGUEL, R. Negros marxistas ou marxismos negros? Tabula Rasa, 28, p.1-12, 2018.

JAGUN, Márcio. Ori: a cabeça como divindade. Rio de Janeiro: Litteris, 2015.

L’ESPINAY, François. A religião dos Orixás – outra Palavra do Deus Único? REB, vol. 47, fasc. 187, p. 639-650, 1987.

KABASÉLÉ, François. Christ as ancestor and elder brother, In: SCHREITER, Robert. J. (ed.). Faces of Jesus in Africa, New York: Orbis Books, 1991, p. 116- 126.

LUGONES, María. Subjetividad esclava, colonialidad de género, marginalidad y opresiones múltiples Pensando los feminismos en Bolívia. La Paz: Conexión Fondo de Emancipación, p. 129-140, 2012.

MASHAU, T. Derrick.; FREDERIKS, Martha T. Coming of age in African theology: The quest for authentic theology in African soil. Exchange, South Africa, 37, p. 109–123, 2008.

MALDONADO-TORRES, Nelson. Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón (Org.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2019, p. 27-53.

MBEMBE, Achille. Sair da grande noite. Ensaio sobre a África descolonizada. Petrópolis: Vozes, 2019.

MIGNOLO, Walter. Histórias locais/projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento limiar. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

MOURA, Clóvis. “A quilombagem como expressão de protesto radical”. In MOURA, Clóvis. (Org.) Os quilombos na dinâmica social do Brasil. Maceió: EDUFAL, 2001, p. p. 103-115.

MUNANGA, Kabengele. Origem e histórico do quilombo na África. Revista USP, (28), p. 53-63, 1996.

NASCIMENTO, Abdias. O Quilombismo. Documentos de uma militância Pan-Africana. São Paulo: Ed. Perspectiva; Rio de Janeiro: Ipeafro, 2019.

PARÉS, Luis. Nicolau. A formação do Candomblé: história e ritual da nação jeje na Bahia. Campinas: Editora Unicamp, 2018.

PIRES, José Maria. O Deus da vida nas comunidades afro-americanas e caribenhas. In: SILVA, Antônio Aparecido da (Org.). Teologia Afro-americana: II Consulta Ecumênica de Teologia e Culturas Afro-americana e Caribenha. São Paulo: Paulus, 1997, p. 17-33.

POBEE, John Samuel. Toward an African Theology. Nashville: Abingdon Press, 1979.

QUIJANO, Aníbal. “Colonialidad del poder y clasificacion social”. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón (Orgs.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontifícia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007, p. 93-126.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Renovar la teoría crítica y reinventar la emancipación social. Encuentos en Buenos Aires. CLASCO: Buenos Aires, 2006.

SPIVAK, Gayatri. ¿Puede hablar el subalterno? Revista Colombiana de Antropología. Vol. 39, p. 297-364, 2003.

TOMICHÁ CHARUPÁ, R. Apuntes para una misiologia latinoamericana: exploraciones desde el Instituto latino-americano. Ponencia presentada en el ILAMIS, Bolívia, 20 de abril de 2016.

VASCONCELOS, A. M.; HURTADO, M. Descolonizar a cristologia. Perspectiva Teológica, Belo Horizonte, v. 48, n. 3, p. 463-489, 2016.

WANAMAKER, Charles A. Jesus the ancestor: Reading the story of Jesus from an African Christian perspective, South Africa, Scriptura, v. 62, n.3, p. 281–298, 1997.

WASH, C. “Interculturalidad crítica y pedagogía de-colonial: Apuestas (des) de el in-surgir, re-existir y re-vivir”. Perspectiva y convergencia, p. 39-50, 2005.

Downloads

Publicado

2023-07-27

Edição

Seção

Intercâmbio