De Demócrito e Isaac a Jesus Cristo
O riso na construção do Deus dos cristãos
DOI:
https://doi.org/10.23925/1677-1222.2023vol23i1a2Palavras-chave:
Demócrito, Isaac, Jesus, Riso, Cristologia, Heresia/ortodoxiaResumo
Retomamos, a partir das fontes patrísticas, a quaestio disputata do riso (e não riso) de Jesus, para averiguar o papel do riso na representação do Deus dos cristãos. Por reação à antiga theologia mythica, à mitologia (o “riso inextinguível” dos deuses), os autores patrísticos redefiniram substancialmente o estatuto do riso e do humor na vida e espiritualidade cristãs. Fizeram-no a partir do exemplum Jesus e dos silêncios dos Evangelhos, mas também reutilizando o riso como fronteira de ortodoxia/heterodoxia na definição da própria cristologia. Sabendo nós que o Cristo dos gnósticos, tal como as divindades pagãs, ri muito mais do que o Jesus Cristo dos Evangelhos e da doutrina eclesiástica, interessa-nos averiguar como o riso (humano ou divino?) foi usado na elaboração das diversas cristologias: numa constante tensão entre as tendências docetas que afirmam o riso de Jesus para negar a sua humanidade e alteridade do homem Jesus face ao Cristo divino (gnosticismo); e a leitura “católica” que nega ao Jesus histórico o riso “próprio do homem”, sob o risco de diminuir a real humanidade de Cristo sublinhada, porém nas “lágrimas” e no drama da Passio.
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