Dos espíritos à memória

A recepção de elementos religiosos chineses em um contexto de prática do kung-fu

Autores

  • Rodrigo Wolff Apolloni Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Paraíba, em estágio de pós-doutoramento em História https://orcid.org/0000-0003-3233-2985
  • José Otávio Aguiar Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

DOI:

https://doi.org/10.23925/1677-1222.2024vol24i3a5

Palavras-chave:

Arte marcial chinesa, Religiões chinesas, Religiosidade popular, Transplantação, Religiosidade fragmentária

Resumo

Os salões de treinamento de artes marciais originárias do leste asiático são, muitas vezes, “repositórios iconográficos” ligados às próprias artes, à cultura ou à religiosidade dos países de origem. São, também, espaços disciplinares, de rituais que, nos casos de transplantação, também podem ser ressignificados, “dialogados” e transformados. Neste artigo, os autores buscam investigar um conjunto iconográfico e um ritual associados aos salões de treinamento do chamado Sistema Sino-Brasileiro de Kung-Fu, um dos mais importantes sistemas de difusão marcial chinesa no Brasil. Para tanto, realizam uma pesquisa teórica e uma pesquisa de campo com 13 professores do Brasil, Argentina e Estados Unidos. O foco da investigação é o da significação – religiosa ou não – desses elementos, o que são e como são percebidos em um contexto cultural (o da marcialidade chinesa em ambientes de transplantação) no qual a religião desempenha um papel secundário.

Biografia do Autor

Rodrigo Wolff Apolloni, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Paraíba, em estágio de pós-doutoramento em História

Jornalista (UFPR), mestre em Ciência da Religião (PUC-SP), doutor em Sociologia (UFPR), atualmente desenvolvendo pesquisa de estágio em pós-doutoramento em História na UFCG, Paraíba.

José Otávio Aguiar, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)

Autor e co-autor em diversos livros e artigos, entre os quais se inclui a biografia publicada de um oficial napoleônico no Brasil, o francês Guido Thomaz Marlière (1767-1836), José Otávio Aguiar é mineiro de Ubá. Possui graduação em História pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1999) e Doutorado em História e Culturas Políticas pela Universidade Federal de Minas Gerais (2003). Realizou pesquisa de Pós-Doutoramento no Programa de Pós em História da Universidade Federal de Pernambuco entre 2009 e 2010, estudando a obra botânica do naturalista paraibano Manuel Arruda da Câmara (1752-1811). Atualmente é Professor Efetivo, Titular, com regime de Dedicação Exclusiva da Universidade Federal de Campina Grande/PB, onde leciona na Graduação, bem como nos Programas de Pós-Graduação em História (Mestrado) e em Recursos Naturais (Mestrado e Doutorado Interdisciplinares). Acumula experiência de pesquisa e publicação nas áreas de História Ambiental, História da Biologia, Etnobiologia e História Indígena, História do Brasil Império, História do Brasil Colônia, História do Brasil Contemporâneo e história das recepções culturais religiosas e marciais japonesas e chinesas no Brasil. Foi Bolsista de Produtividade e Pesquisador do CNPQ nível 2, entre os anos de vigência de 2012 e 2015. Entre agosto de 2015 e junho de 2016 foi pesquisador e bolsista de Pós-Doutoramento da CAPES, num convênio PROCAD entre a PUC de São Paulo, a UFCG e a Federal do Amazonas, estudando história ambiental, movimentos sociais e ambientalistas, mundos do trabalho e verticalizações urbanas https://www.histprocad.pro.br/pesquisadores/. Compôs e compõe diversos conselhos editoriais, como o da Revista História Hoje, da ANPUH. É vice-editor da Revista Minemosine e membro do Conselho Consultivo Nacional da Revista História, da Unesp de Assis - SP. Entre abril de 2017 e julho do mesmo ano, coordenou, interinamente, o Programa de Pós Graduação em Recursos Naturais da UFCG (Mestrado e Doutorado) situado na área de Ciências Ambientais. É pesquisador do projeto histórico-documental de âmbito nacional, Catálogo Geral de Documentos de História Indígena e Escravidão Negra no Brasil financiado pelo Edital da Petrobrás Cultural. Coordena, juntamente com a professora Juciene Ricarte Apolinário, o Grupo de Estudos em História, Meio Ambiente e Questões Étnicas registrado no CNPQ desde 2006. Como Pesquisador e membro do Colegiado do Programa de Pós-graduação em História, assinou, em 2017, um acordo de colaboração interinstitucional entre a UFCG e o Centro de História d Aquém e d Além-Mar (CHAM) Universidade Nova de Lisboa, PT, e também, com a Universidade Pablo de Olavide, em Sevilha, Espanha. Desde o início de 2020, coordena o Programa de Pós-Graduação em História da UFCG e é Bolsista de Produtividade do CNPQ, nivel II, Grande Área de Ciências Ambientais, subárea de História do Brasil.

Referências

APOLLONI, R., “Shaolin à Brasileira – Estudo sobre a presença e a transformação de elementos religiosos no Kung-Fu praticado no Brasil”, dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciência da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), 221 p., 2004, disp. em <https://www.academia.edu/20512194/_Shaolin_%C3%A0_Brasileira_Estudo_sobre_a_presen%C3%A7a_e_a_transforma%C3%A7%C3%A3o_de_elementos_religiosos_orientais_no_Kung_Fu_praticado_no_Brasil> (c. 19.07.24).

APOLLONI, Rodrigo Wolff, e AGUIAR, José Otávio, “Punhos, Espadas e Livros ‐

artes marciais no contexto da Primeira República Chinesa (1912‐1949)”, Campina

Grande, 1ª edição: Editora da Universidade Federal de Campina Grande (EDUFCG),

, 98 p.

APOLLONI, R., AGUIAR, J., “Os Espíritos e as Regras de uma placa votiva do Kung-Fu Brasileiro – Iconografia, História e Religiosidade”, 1ª edição: Curitiba, Editora do Centro Ásia, 2023, 164 p.

BAPTISTA, R., “Grand Master Gu Ruzhang”, artigo publicado in Kung-Fu Connection, disp. em <https://kungfuconnection.net/about/grand-master-gu-ruzhang/> (c. 19.07.24).

BAPTISTA, R., “Grand Master Yan Shang Wu”, artigo publicado in Kung-Fu Connection, disp. em < https://kungfuconnection.net/about/grand-master-yan-shang-wu/> (c. 19.07.24).

BUSWELL, Robert, e LOPEZ, Donald, “The Princeton Dictionary of Buddhism”, 1ª

edição, Princeton: Princeton University Press, 2014, 1265 p.

CHEN, M., “Photographing the Invisible: Immortal Spirit Photography and China’s En(light)enment”, Trans Asia Photography –TAP (2022) 12 (1), Duke University Press, disp. em <https://read.dukeupress.edu/trans-asia-photography/article/doi/10.1215/21582025-9710562/313448/Photographing-the-Invisible-Immortal-Spirit> (c. 19.07.24).

CHENG, Anne, “História do Pensamento Chinês”, 1ª edição, Petrópolis: Vozes,

, 816 p.

GIVE US A SMILE, in Broadcaster’s Eye, NHK, reportagem em vídeo disponível em <https://www.facebook.com/watch/?v=902063057893770> (c. 19.07.24).

GU Ruzhang (顧汝章, Gù Rǔzhāng), “太極拳” (Tàijí quán), “Tai‐Chi‐Chuan”,

manual publicado em 1936 e traduzido por Paul BRENNAN, in Brennan Translation,

disp. in <https://brennantranslation.wordpress.com/2013/08/20/the‐taiji‐

manual‐of‐gu‐ruzhang/> (c. 20.08.23).

HABKIRK, Scott, e CHANG, Hsun, “Scents, Community, and Incense in Traditional Chinese Religion”, in The Journal of Objects, Art and Belief (“Material Religion”), pp. 156‐174, Volume 13, 2017 ‐ Issue 2, publicação eletrônica em 21 de abril de 2017.

HARREL, Stevan, “The Concept of Soul in Chinese Folk Religion”, in Journal of Asian Studies (1979) 38 (3): 519–528, p. 519.

HENNING, Stanley, “El general chino Yue Fei: hechos, relatos y misterios de las

artes marciales”, in Revista de Artes Marciales Asiáticas (Universidade de León,

Espanha), Volume 2, Número 1, 2007, p. 50‐55, p. 52, artigo disponível em

revpubli.unileon.es/ojs/index.php/artesmarciales/article/view/284/241> (c. 27.08.23).

LU, Zhouxiang, “A History of Shaolin ‐ Buddhism, Kung Fu and Identity”, 1ª edição,

Londres/Nova Iorque: Routledge, 2019, 293 p.

MATTEN, Marc Andre, “The Worship of General Yue Fei and His Problematic

Creation as a National Hero in Twentieth Century China”, in Frontiers of History in

China, Volume 6, Issue 1, 2011, p. 74‐94.

SHAHAR, M., “O Mosteiro de Shaolin ‐ história, religião e as artes marciais

chinesas”, 1ª edição: São Paulo, Perspectiva, 2011, 349 p. STEVENS, Keith, “Chinese Gods – The Unseen World of Spirits and Demons”, 1ª

edição, Londres: Collins & Brown, 1997, 192 p.

STUART, J., “The Face in Life and Death: Mimesis and Chinese Ancestor Portraits.” In Body and Face in Chinese Visual Culture, Wu Hung and Katherine R. Tsiang (Eds.), 1ª ed., vol. 239, Harvard University Asia Center, 2005, pp. 197–228. JSTOR, <https://doi.org/10.2307/j.ctt1tfj9v6.12> (c. 19.07.24).

TER HAAR, B., “Guan Yu: The Religious Afterlife of a Failed Hero”, Oxford, 1ª edição: Oxford University Press, 2017, 320 p.

THE STRAITS TIMES (apud YOMIURI SHIMBUN/ASIA NEWS NETWORK), “Take a funeral portrait, scatter fake ashes: death tourism rising draw for Japan’s elderly”, reportagem publicada em 20.01.16 e disp. em <https://www.straitstimes.com/asia/east-asia/take-a-funeral-portrait-scatter-fake-ashes-death-tourism-rising-draw-for-japans> (c. 19.07.24).

THE MONA LISA EFFECT: Eyespots deter predators that approach from different directions, artigo publicado em MAX-PLANCK-GESELLSCHAFT em 18.10.22 e disp. em <https://www.mpg.de/19378715/1018-choe-der-mona-lisa-effekt-155371-x> (c. 19.07.24).

TUAN, YI-FU. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Tradução de Lívia de Oliveira. São Paulo: Ed. DIFEL, 1980.

TUAN, YI-FU. Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência. Tradução de Lívia de Oliveira. São Paulo: Ed. DIFEL, 1983.

TUAN, YI-FU. Geografia Humanística. In. CHRISTOFOLETTI, A (Org.), Perspectivas da Geografia, 2ª ed., São Paulo: DIFEL, 1985.

XINHUA Português [agência noticiosa oficial da República Popular da China],

“Foco em Xi: Yue Fei, herói de infância de Xi Jinping”, artigo publicado em 10.01.2021 e disp. em <http://portuguese.news.cn/2021‐10/01/c_1310221696.htm> (c. 25.08.23).

YADAV, Virendra, et al, “Incense and incense sticks: types, components, origin and

their religious beliefs and importance among different religions”, in J. Bio. Innov 9(6),

pp: 1420‐1439, 2020.

YE ZHANHANG, “With Funeral Portraits, a Photographer Gives Dignity to Rural Elderly”, reportagem publicada in Sixth Tone em 31.10.23 e disp. em <https://www.sixthtone.com/news/1013987> (c. 19.07.24).

供奉, entrada em “重編國語辭典修訂本” (“Edição Revisada do Dicionário de Mandarim”), Taipei, 6ª edição: Rede Acadêmica de Taiwan ‐ Ministério da Educação da República da China, disp. in <https://dict.revised.moe.edu.tw/dictView.jsp?ID=75841&la=0&powerMode=0> (c.

09.23).

Downloads

Publicado

2025-03-15

Edição

Seção

Seção temática