‘Estilo reduzido’ em sujeitos agramáticos, não-afásicos, telegramas e manchetes

Resumo

A inspiração para este estudo é um artigo de Kolk (2006), em que o autor compara a fala elíptica de crianças, sujeitos agramáticos e sujeitos não-afásicos holandeses para concluir que os três tipos de sujeitos, quando produzem ‘fala telegráfica’(com diferentes freqüências), recorrem às mesmas estruturas sintáticas. Para este estudo foram coletadas sentenças não-finitas (em que há formas verbais não flexionadas ou simplesmente não há verbos) observadas em conversas espontâneas de dois sujeitos afásicos com agramatismo, diálogos selecionados do Projeto NURC, manchetes de telejornais, manchetes de jornais impressos e telegramas obtidos através de um experimento. Todos estes registros são, em diferentes graus, potenciais ambientes para a emergência de uma sintaxe simplificada que apresenta como traço mais marcante a não-finitude. O fenômeno que notoriamente distingue os registros analisados é a ordem das palavras. De maneira geral, os registros orais tendem a explorar mais a estutura de hanging topics que os registros escritos, que tendem a ancorar-se na ordem canônica das palavras (SVO) em português.