A economia brasileira na literatura econômica: convergências e divergências nas abordagens ortodoxa e heterodoxa

Autores

  • Theodoro Sposito Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

DOI:

https://doi.org/10.23925/1806-9029.v35i1e60607%20

Palavras-chave:

Brasil, Economia heterodoxa, Economia ortodoxa, Bibliometria, Convergência temática

Resumo

O entendimento sociológico das categorias “economia ortodoxa” e “economia heterodoxa” é combinado com o aparato metodológico da bibliometria para cumprir dois objetivos: (i) construir um panorama a respeito das publicações sobre economia brasileira nos 100 principais periódicos de economia mainstream e heterodoxa; e (ii) aplicar uma abordagem de conjuntos fuzzy para estimar mapas temáticos para as duas vertentes e, a partir deles, avaliar possíveis convergência e divergências entre elas. Os resultados deste estudo evidenciam aspectos contextuais e históricos, questões sociais e geográficas e núcleos temáticos. Entre os principais achados, o panorama evidencia que os trabalhos publicados em periódicos heterodoxos apresentam maior amplitude temática que os publicados em periódicos ortodoxos, ao passo que os mapas temáticos estimados indicam a existência de convergência entre as abordagens para temas envolvendo meio ambiente e sustentabilidade.

Referências

ABREU, M. (Org) A Ordem do Progresso: Dois Séculos de Política Econômica no Brasil. Campus, Brasil, 2014.

AKERLOF, George A. Sins of Omission and the Practice of Economics. Journal of Economic Literature, v. 58, n. 2, p. 405-18, 2020.

ALMEIDA, F, CRUZ-E-SILVA, V; BRITES, M. A Bibliometric Analysis of the Possible Convergence of Heterodox Associations. Journal of Economic Issues, v. 57, n. 1, p. 218-240, 2023.

ARROW, K. J.; DEBREU, G. Existence of an equilibrium for a competitive economy. Econometrica, p. 265-290, 1954.

AMADO, A.M e MOLLO, M.L.R. Ortodoxia e heterodoxia na discussão sobre integração regional: a origem do pensamento da CEPAL e seus desenvolvimentos posteriores. Estudos Econômicos (São Paulo), v. 34, n. 1, p. 129-156, 2004.

ARANTES, F; LOPREATO, F.L. O novo consenso em macroeconomia no Brasil: a política fiscal do plano real ao segundo governo Lula. Revista de Economia Contemporânea, v. 21, 2018.

ARAÚJO, C. Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Em questão, v. 12, n. 1, p. 11-32, 2006.

BASTOS, C.P e D'AVILA, J.G. O debate do desenvolvimento na tradição heterodoxa brasileira. Revista de Economia Contemporânea, v. 13, p. 173-199, 2009.

BASTOS, P. P. Z ; FONSECA , P. C. D. Era Vargas: desenvolvimentismo, economia e sociedade. São Paulo: Ed. UNESP, 2012.

BASTOS, P. P. Z. Ortodoxia e heterodoxia antes e durante a Era Vargas: contribuições para uma economia política da gestão macroeconômica dos anos 1930. EconomiA, v.9, n.4, p.183–214, 2008.

BIGO, Vinca; NEGRU, Ioana. From fragmentation to ontologically reflexive pluralism. Erasmus Journal of Philosophical Economics, v. 1, n. 2, p. 127-150, 2008.

BÖGENHOLD, Dieter. From heterodoxy to orthodoxy and vice versa: Economics and social sciences in the division of academic work. American Journal of Economics and Sociology, v. 69, n. 5, p. 1566-1590, 2010.

BOLAND, Lawrence. Critical Economic Methodology: a personal odyssey. Routledge, 2005 [1997].

CARNEIRO, R. Desenvolvimento em crise: a economia brasileira no último quarto do século XX. Unesp, 2002.

CASTRO, A. B e Sousa F.E. A economia brasileira em marcha forçada. Rio de Janeiro: Paz e terra, v. 32, 1985.

CHERNAVSKY, E; DWECK, E; TEIXEIRA, R.A. Descontrole ou inflexão? A política fiscal do governo Dilma e a crise econômica. Economia e Sociedade, v. 29, p. 811-834, 2020.

CHIEZA, R.A; GASPARY, D. A atualidade da controvérsia do planejamento entre Roberto Simonsen e Eugênio Gudin e os paradoxos do modelo econômico de Luiz Inácio Lula da Silva (2004-2010). Iberian Journal of the History of Economic Thought, v. 1, n. 1, p. 19-41, 2014.

CABO, M. J.; HERRERA, A. G. L.; VIEDMA, E. H.; HERRERA, F. An approach for detecting, quantifying, and visualizing the evolution of a research field: A practical application to the Fuzzy Sets Theory field. Journal of informetrics, v. 5, n. 1, p. 146-166, 2011.

COLANDER, D.; HOLT, R.; ROSSER, J. B. Live and dead issues in the methodology of economics. Journal of Post Keynesian Economics, v. 30, n. 2, p. 303-312, 2007.

COLANDER, David; HOLT, Richard; ROSSER JR, Barkley. The changing face of mainstream economics. Review of Political Economy, v. 16, n. 4, p. 485-499, 2004.

CRONIN, B. Heterodox Economic Journal Rankings revisited. In: Contemporary Issues in Heterodox Economics: Implications for Theory and Policy Action. [S.l.]: Routledge, v. 42, 2020.

DAVIS, J.B. The turn in economics: neoclassical dominance to mainstream pluralism?. Journal of institutional economics, v. 2, n. 1, p. 1-20, 2006.

DAVIS, J.B. The turn in recent economics and return of orthodoxy. Cambridge Journal of Economics, v. 32, n. 3, p. 349-366, 2008.

DE ARAUJO, V.L. A macroeconomia do governo Médici (1969-1974): uma contribuição ao debate sobre as causas do “milagre” econômico. Economia Ensaios, Uberlândia, v. 33, n. 1, p. 41-70, 2018

DE SAES, F.A.M. A controvérsia sobre a industrialização na Primeira República. Estudos Avançados, v. 3, p. 20-39, 1989.

DEQUECH, D. Neoclassical, mainstream, orthodox, and heterodox economics. Journal of Post Keynesian Economics, Taylor & Francis, v. 30, n. 2, p. 279-302, 2007.

DEQUECH, D. Applying the Concept of Mainstream Economics outside the United States: General Remarks and the Case of Brazil as an Example of the Institutionalization of Pluralism. Journal of Economic Issues, v. 52, n. 4, p. 904-924, 2018.

DOBUSCH, Leonhard; KAPELLER, Jakob. Heterodox United vs. Mainstream City? Sketching a framework for interested pluralism in economics. Journal of Economic Issues, v. 46, n. 4, p. 1035-1058, 2012.

DOBUSCH, Leonhard; KAPELLER, Jakob. " Why is economics not an evolutionary science?" New answers to Veblen's old question. Journal of Economic Issues, v. 43, n. 4, p. 867-898, 2009.

DOS SANTOS, F.P. A economia política da “Escola de Campinas”: contexto e modo de pensamento. Cadernos do Desenvolvimento, v. 8, n. 12, p. 17-42, 2018.

DOW, S. History of thought and methodology in pluralist economics education. International Review of Economics Education, v. 8, n. 2, p. 41-57, 2009.

ECK, N. J. V.; WALTMAN, L. Visualizing bibliometric networks. In: Measuring scholarly impact. [S.l.]: Springer, 2014. p. 285-320.

EDGEWORTH, F.Y. Mathematical psychics: An essay on the application of mathematics to the moral sciences. CK Paul, 1881.

EGGHE, L. Information processing & management, Infometrics, vol. 41, n. 6, 2005.

ERBER, F.S. As convenções de desenvolvimento no governo Lula: um ensaio de economia política. Brazilian Journal of Political Economy, v. 31, n. 1, p. 31-55, 2011.

FERNANDEZ, R.G; SUPRINYAK, C.E. Creating Academic Economics in Brazil: the Ford Foundation and the beginnings of ANPEC. EconomiA, v. 19, n. 3, p. 314-329, 2018.

FERNANDEZ, R.G; SUPRINYAK, C.E. Manufacturing pluralism in Brazilian economics. Journal of Economic Issues, v. 53, n. 3, p. 748-773, 2019.

FALAGAS, M. E.; KOURANOS, V. D.; JORGE, R. A.; KARAGEORGOPOULOS, D. E.Comparison of SCImago journal rank indicator with journal impact factor. The FASEB journal, v. 22, n. 8, p. 2623-2628, 2008.

FONSECA, P.C.D. Sobre a intencionalidade da política industrializante do Brasil na década de 1930. Brazilian Journal of Political Economy, v. 23, p. 138-153, 2020.

FRANCO, G.H.B; CORREA DO LAGO, L.A. A economia da República Velha, 1889-1930. Texto para discussão, nº 588, 2011.

FRANCO, G.H.B. O Plano Real e outros ensaios. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora. 1995.

FREITAS, M.C.P; PRATES, D.M. A abertura financeira no governo FHC: impactos e consequências. Economia e sociedade, v. 10, n. 2, p. 81-111, 2001.

FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. Companhia das Letras, [1959] 2020.

GERBER, J; PASSANANTI, T. The Economic Consequences of Financial Regimes: A New Look at the Banking Policies of Mexico and Brazil, 1890-1910. América Latina en la historia económica, v. 22, n. 1, p. 35-58, 2015.

GIAMBIAGI, F.; VILLELA, A.A. Economia brasileira contemporânea. Elsevier Brasil, 2005.

HARSANYI, J.C. Bargaining in ignorance of the opponent's utility function. Journal of Conflict Resolution, v. 6, n. 1, p. 29-38, 1961.

HARSANYI, J.C. Rational Behavior and Bargaining Equilibrium in Games and Social Situations (Cambridge UP, Cambridge). 1977.

HODGSON, G. M. Is There a Future for Heterodox Economics?: Institutions, Ideology, and a Scientific Community. Edward Elgar Publishing, 2019.

HODGSON, G. M. Debating the Future of Heterodox Economics. Journal of Economic Issues, v. 55, n. 3, p. 603-614, 2021.

JEHLE, G.A; P.J. REMY. Advanced Microeconomic Theory. London: Pr/Financial Times, 2011.

JEVONS, W.S. The theory of political economy. Macmillan and Company, 1871.

JUNIOR, C. et al. As leis da bibliometria em diferentes bases de dados científicos. Revista de Ciências da Administração, v. 18, n. 44, p. 111-123, 2016.

JUNIOR, M.A; DE MATTOS, F.A.M. A Política Econômica Nos Anos 1930: Evidências De Uma Heterodoxia Consciente. Análise Econômica, v. 33, n. 64, 2015.

LAKATOS, I. Criticism and the methodology of scientific research programs. In: Proceedings of the Aristotelian society. Aristotelian Society, Wiley, 1968. p. 149-186.

LAVOIE, Marc. Do heterodox theories have anything in common? A post-Keynesian point of view. European Journal of Economics and Economic Policies, v. 3, n. 1, p. 87-112, 2006.

LAVOIE, M. Post-Keynesian Economics: New Foundations. Edward Elgar Publishing, 2014.

LAWSON, T. Contemporary economics and the crisis. real-world economics review, v. 50, p. 122-131, 2010.

LAWSON, T. Economics and reality. Routledge, 1997.

LAWSON, T. Heterodox economics and pluralism: reply to Davis. In: Ontology and Economics. Routledge, 2008. p. 105-141.

LAWSON, T. The nature of heterodox economics. Cambridge journal of economics, v. 30, n. 4, p. 483-505, 2006.

LEE, F. A History of Heterodox Economics: Challenging the mainstream in the twentieth century. Routledge, 2009.

LEE, Frederic S.; KEEN, Steve. The incoherent emperor: A heterodox critique of neoclassical microeconomic theory. Review of Social Economy, v. 62, n. 2, p. 169-199, 2004.

LEE, F. S., Cronin, B. C., MCCONNELL, S., & Dean, E. Research quality rankings of heterodox economic journals in a contested discipline. American Journal of Economics and Sociology, v. 69, n. n. 5, p. 1409-1452, 2010.

LEE, F.S .Heterodox Economics. In DURLAUF, S.; BLUME, L. E. The new Palgrave dictionary of economics. Springer, 2016.

LEE, F.S; ELSNER, Wolfram (Ed.). “Editors' Introduction” In: Evaluating economic research in a contested discipline: rankings, pluralism, and the future of heterodox economics. Wiley-Blackwell, 2010a.

LEE, F.S. “Pluralism in Heterodox Economics.” In Economic Pluralism, (Ed) Robert Garnett,(Ed) Erik K. Olsen e (Ed) Martha Starr, pp. 19-35. London: Routledge, 2010b.

MACARINI, J.P. A política econômica do governo Médici: 1970-1973. Nova economia, v. 15, p. 53-92, 2005.

¬¬¬¬¬ MACARINI, J.P. A política econômica do governo Costa e Silva 1967-1969. Revista de Economia Contemporânea, v. 10, p. 453-489, 2006.

MACARINI, J.P. Governo Geisel: transição político-econômica? Um ensaio de revisão. Revista de Economia Contemporânea, v. 15, p. 30-61, 2011.

MARSHALL, A. Principles of economics: unabridged eighth edition. Cosimo, Inc., 2009 [1890].

MAS-COLELL, A.; WHINSTON, M. D.; GREEN, J. R. Microeconomic theory. New York: Oxford university press, 1995.

MEARMAN, A; BERGER, S; GUIZZO, Da. What is Heterodox Economics?: Conversations with Leading Economists. Routledge, 2019.

MERTON, R. The Matthew effect in science: The reward and communication systems of science are considered, Science, vol. 59, n. 3810, p. 56-63, 1968.

¬¬¬¬ MERTON, R. The Matthew effect in science, II: Cumulative advantage and the symbolism of intellectual property, isis, vol 79. 4, p. 606-623, 1988.

Nalimov, V. e Mul'chenko, Z. Naukometriya, The Study of the Development of Science as an Information Process in Russian. Moscow, 1969.

NASH, John.F. 4. The Bargaining Problem. In: The Essential John Nash. Princeton University Press, 2016 [1950a]. p. 37-48.

NASH, John.F. Equilibrium points in n-person games. Proceedings of the national academy of sciences, v. 36, n. 1, p. 48-49, 1950b.

NASH, John.F. Non-cooperative games. Annals of Mathematics, 54 (2). 1951.

NELSON, J. A. Confronting the science/value split: notes on feminist economics, institutionalism, pragmatism and process thought. Cambridge Journal of Economics, v. 27, n. 1, p. 49-64, 2003.

OTLET, P. Traité de Documentation, le Livre sur le Livre, 1934.

PELAEZ, C.M. A balança comercial, a Grande Depressão e a industrialização brasileira. Revista Brasileira de Economia, p. 15-47. 1968.

PELÁEZ, C.M. História da industrialização brasileira: crítica à teoria estruturalista no Brasil. Rio de Janeiro: ANPEC, 1972.

POSSAS, M. L. A cheia do “mainstream”: comentário sobre os rumos da ciência econômica. Revista de Economia Contemporânea, v. 1, n. 1, 1995.

POTTS, Jason. How Heterodox Economics Lost its Way. Journal of Economic Issues, v. 55, n. 3, p. 590-594, 2021.

PRITCHARD, A. Statistical bibliography or bibliometrics? Journal of Documentation, v. 25, n. 4, p. 348-349, 1969.

RESENDE, A.L. A política brasileira de estabilização: 1963-68. Pesquisa e Planejamento Econômico, v. 12, n. 3, p. 757-806, 1982.

ROUSSEAU, S.; ROUSSEAU, R. Bibliometric techniques and their use in business and economics research. Journal of Economic Surveys, v. 35, n. 5, p.1428-1421, 2021.

RUBINSTEIN, A. Lecture notes in microeconomic theory. Princeton University Press, 2006.

SILVA, V.C. O anacronismo do conceito de ortodoxia na historiografia da economia brasileira. Revista de Economia, v. 42, n. 77, p. 222-241, 2021.

SIMONSEN, R; GUDIN, E. A controvérsia do planejamento na economia brasileira, IPEA, vol 3. 2010.

STOCKHAMMER, E; RAMSKOGLER, P. Post-Keynesian economics–how to move forward. European Journal of Economics and Economic Policies, v. 6, n. 2, p. 227-246, 2009.

STOCKHAMMER, E.; DAMMERER, Q. KAPUR, S. The Research Excellence Framework 2014, journal ratings and the marginalization of heterodox economics. Cambridge Journal of Economics, v. 45, n. 2, p. 243-269, 2021.

TEIXEIRA, R.A; PINTO, E.C. A economia política dos governos FHC, Lula e Dilma: dominância financeira, bloco no poder e desenvolvimento econômico. Economia e sociedade, v. 21, n. SPE, p. 909-941, 2012.

TÖRNBERG, Petter. Complex realist economics: toward an ontology for an interested pluralism. Review of Social Economy, v. 76, n. 4, p. 509-534, 2018.

TRINER, G. D.; WANDSCHNEIDER, K. The Baring crisis and the Brazilian Encilhamento, 1889–1891: an early example of contagion among emerging capital markets. Financial History Review, v. 12, n. 2, p. 199-225, 2005.

TOWLER, B. M. The new microeconomics: A psychological, institutional, and evolutionary paradigm withneoclassical economics as a special case. American Journal of Economics and Sociology, v. 78, n. 1, p. 95-135, 2019.

VISCARDI, C.M.R. Elites políticas em Minas Gerais na Primeira República. Revista Estudos Históricos, v. 8, n. 15, p. 39-56, 1995.

WALRAS, L. Elements of Pure Economics, 1926, rev ed. 1926, Engl transl, 1926 [1874].

WELTER, C.A et al. Os planos de estabilização heterodoxos: principais efeitos para a economia brasileira no período de 1985 a 1989. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 3, p. 23014-23036, 2021.

Downloads

Publicado

2023-07-12