Uma dose de pragmatismo para as epistemologias contemporâneas: Latour e o parlamento das coisas
Resumo
O objetivo deste artigo é apresentar um estudo sobre a relação do princípio generalizado de simetria e algumas propostas teóricas de Bruno Latour dentro do campo da epistemologia. O estudo é focado no livro “Jamais fomos modernos”, obra em que o princípio de simetria é utilizado por Latour como um recurso para gerar uma igualdade formal entre os “objetos” designados por conceitos que historicamente (durante o período moderno) foram definidos e entendidos a partir de dicotomias (por exemplo, cultura e natureza, humano/não-humano). De acordo com o estudo, esta igualdade formal responde a um claro objetivo político, hipertrofiado nas teorizações de Latour (e que já estava presente nos Science Studies), mas deixa sem resposta problemas de ordem teórica (no campo da epistemologia) e também ordem prática. O
problema teórico é: se, para Latour, o conhecimento obtido a partir de procedimentos científicos é sempre “local” (não-universal), como explicar a convergência entre os resultados de experimentos científicos que mobilizam nódulos distantes das redes (descritas pela antropologia simétrica)? O problema prático é: como seria constituído o “parlamento das coisas”? O que significa, na prática, fazer ciência com a “natureza historicizada”? A conclusão do estudo é que a epistemologia política de Latour tem muito de política, pouco de epistemologia.
Palavras-chave: Latour. Princípio de simetria. Natureza historicizada. Parlamento das coisas.
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