Signo, inferência e crença:
apontamentos semióticos para dilemas contemporâneos
DOI:
https://doi.org/10.23925/1984-3585.2022i25p76-95Palavras-chave:
Semiótica, Fake news, Inferência, Crença, PeirceResumo
O presente artigo visa explorar partes da teoria semiótica peirceana para esclarecer alguns das fake news e da desinformação. Para a presente reflexão será importante marcar o traço distintivo da semiótica peirceana que vincula inferência, pensamento e signo. O estudo dos signos se revela como uma parte fundamental do estudo da forma dos raciocínios válidos, já que mesmo as falácias (raciocínios inválidos) seguem a forma geral da inferência. Será importante distinguir a validade do raciocínio e a inclinação para a aceitação de uma tese numa abordagem lógica que julga os tipos de passagens de premissas a conclusões e uma abordagem psicológica acerca das impressões de verdade que caracterizam um impulso para a aceitação de uma crença. Entender a semiótica como lógica, de uma perspectiva peirceana, significa também conciliar a teoria do signo a uma teoria da investigação. Isto reclama por respostas à questão da realidade e dos fatos, por um lado, e à das representações e dos discursos, por outro. Para explorar estes aspectos da teoria peirceana e relacioná-los aos fake news e à desinformação, o presente texto se ancora não apenas em textos do próprio Peirce e seus comentadores, mas também nas mais recentes publicações interessada neste tema de autores como Santaella, Ibri, Gomes e Broens, Nöth e Botelho e Baggio. Acredita-se que tal recorte possa somar esforços para que seja possível diferenciar mais claramente fatos e representações, “fatos alternativos” e interpretações alternativas dos fatos, construção social de notícias e autonomia do real em relação a elas, além de uma série de problemáticas semioticamente relevantes, como as noções de crença, alteridade, experiência, erro, mentira e verdade.
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