A narrativa do dilúvio em Gênesis e a ciência
possibilidades para o entendimento da descrição da catástrofe
DOI:
https://doi.org/10.23925/ua.v26i42.e62589Palavras-chave:
Dilúvio, graça, mito, revelaçãoResumo
O presente artigo trata das possibilidades no que tange à interpretação da narrativa bíblica relativa ao dilúvio em face dos conhecimentos concernentes às ciências da Terra. Busca mostrar que a descrição do cataclismo em Gênesis está condicionada à cosmologia dos antigos hebreus, e que insistir na exatidão do que lá é dito só faz sentido com o compromisso com tal cosmologia. Trata brevemente dos percalços da “busca pelo dilúvio histórico”, assim como da tese do dilúvio do Mar Negro, o qual pode estar na origem da narrativa bíblica e das várias outras descrições de um dilúvio no mundo antigo. Também discorre sobre como o entendimento acerca da natureza do mito e da revelação pode oferecer interessantes perspectivas para a leitura e interpretação do relato bíblico. Este, sendo possivelmente referência a uma grande catástrofe em meio à qual muitos podem ter visto manifestos juízo e salvação divinos, guarda analogia com acontecimentos como a queda de Jerusalém, quando o juízo de Deus cai sobre a nação impenitente, ao mesmo tempo que há a expectativa da revelação da graça em favor de um remanescente, com a restauração de sua pátria e culto. Também é paradigma de toda e qualquer situação onde se experimentem juízo e graça.
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