UM JORNAL CONTRA A PRESIDENTE? AS ASPAS COMO MARCA DO POSICIONAMENTO ENUNCIATIVO DA FOLHA DE S.PAULO DURANTE O PROCESSO DE IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF
Palavras-chave:
Posicionamento Enunciativo, Polifonia, ScaPoLine, Teorias da Enunciação, Discurso da mídiaResumo
O presente artigo procura identificar o posicionamento enunciativo da Folha de S.Paulo ante o impeachment de Dilma Rousseff, a partir da análise de marcas linguístico-discursivas na manchete Dilma nega no Senado crime contra o Orçamento e volta a denunciar ‘golpe’ (30 de ago. de 2016). Com base na Teoria Escandinava de Polifonia Linguística, foram identificados dois pontos de vista imputados à presidente: “não houve crime contra o Orçamento” e “há golpe”. Aferiu-se que, mediante à ausência de aspas sobre o sintagma “crime contra o Orçamento” e à presença de aspas sobre o termo “golpe”, o jornal manifesta parcial distanciamento em relação ao primeiro ponto de vista e total desacordo em relação ao segundo. O resultado sugere que, na construção do posicionamento enunciativo, a ilha textual possui função diferente das formas prototípicas de discurso representado.