A OBSCENA IDENTIDADE HOMOAFETIVA EM CLORO, DE ALEXANDRE VIDAL PORTO: UMA LEITURA VIA MATERIALISMO LACANIANO
DOI:
https://doi.org/10.23925/2316-3267.2021v10i1p144-157Palavras-chave:
Narrativa, Materialismo lacaniano, grande Outro, Supereu, Cloro, Alexandre Vidal Porto.Resumo
Este trabalho trata do romance Cloro (2018), de Alexandre Vidal Porto. Primeiramente, busca-se compreender as características do discurso retrospectivo, em função da construção da narração com vistas ao balanço da vida do personagem, possibilitado pela condição de morto do narrador; em segundo momento, observa-se como figuram o grande Outro e o supereu enquanto manifestações de regulamentação do gozo, sob o prisma do Materialismo lacaniano. A partir da leitura analítico-interpretativa, nota-se que a possibilidade de narrar após a morte é que permite que se faça da narrativa uma exposição avaliativa da conduta pessoal, movimento que revela as faces do grande Outro, como instância que conduziu o desejo do narrador ao longo de sua vida, e a quem comunica os ocorridos lidos como “erros”; e do supereu, uma vez que sua manifestação é que permite que Constantino narre no pós-vida seus feitos obscenos sem a interdição de códigos morais.