UMA CENOGRAFIA DE INTIMIDADE: A APROXIMAÇÃO DE COLASANTI E LISPECTOR EM UMA SINOPSE LITERÁRIA
Resumo
Em 2021, um ano após o aniversário de cem anos de Clarice Lispector, a Global Editora lança a obra “De natura florum”, originalmente escrita em forma de crônica no Caderno B, do Jornal do Brasil. A nova publicação tem a sinopse, objeto de nossa análise, assinada por Marina Colasanti, subeditora e revisora dos textos de Clarice na época em que trabalhavam juntas no jornal. Por meio de uma concepção de leitura discursiva, nosso artigo tem como objetivo examinar como a cenografia de conversa informal apresentada na sinopse constrói um ethos discursivo de intimidade entre Marina e Clarice por meio de uso de aforizações que criam interdiscursos e, consequentemente, possibilitam novos efeitos de sentidos para o leitor atual. Os pressupostos teóricos que norteiam a nossa reflexão estão centrados na Análise do Discurso de linha francesa, na perspectiva enunciativo-discursiva que valoriza o discurso, em especial os estudos sobre cenografia, ethos discursivo e aforização de Dominique Maingueneau (2015, 2013, 2010). Os resultados obtidos demonstram a importância da leitura discursiva, já que ela recorre a outras leituras já antes estabelecidas, pois, assim como Marina, os leitores de Clarice são levados a interdiscursos que deixam de se alocar apenas nas memórias para se fundirem ao discurso presente.
