As veias continuam abertas: o rompimento da barragem de Fundão/MG e o modus operandi da Samarco (Vale/BHP Billiton)

Autores

  • Claudia Marcela Orduz Rojas Universidade Federal de Minas Gerais
  • Doralice Barros Pereira Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.23925/ls.v22i41.46679

Palavras-chave:

(Neo)extrativismo, barragens de rejeitos, capitalismo de desastres, rompimento barragem de Fundão

Resumo

Em cinco de novembro de 2015, a barragem de rejeitos de Fundão, de propriedade da Samarco (Vale/BHP Billiton), rompeu, deixando 19 mortos, milhares de atingidos e um rastro de destruição ao longo da Bacia do Rio Doce. A partir desse contexto catastrófico, objetivamos compreender o modus operandi acionado pelas corporações responsáveis para gerir a crise provocada. Concluímos que as mineradoras têm administrado o desastre sob um leque de estratégias que privilegiam arranjos institucionais e judiciais. Tais arranjos revelam um “inédito” e ambicioso programa econômico que inaugura a ascensão do capitalismo de desastres no Brasil.

Biografia do Autor

Claudia Marcela Orduz Rojas, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte-MG, Brasil. Bolsista CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

Doralice Barros Pereira, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutora em Geografia; professora Associada IV da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte-MG, Brasil.

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Publicado

2020-01-02

Como Citar

Rojas, C. M. O., & Pereira, D. B. (2020). As veias continuam abertas: o rompimento da barragem de Fundão/MG e o modus operandi da Samarco (Vale/BHP Billiton). Lutas Sociais, 22(41), 223–236. https://doi.org/10.23925/ls.v22i41.46679