Charles Peirce, Ser humano, Personalidade, Pessoa, Pragmatismo, Realismo, Idealismo Objetivo
Resumo
O presente artigo pretende tecer algumas considerações acerca de uma importante distinção operada por Peirce no interior da sua abordagem sinequista do ser humano, a saber, a distinção entre os conceitos de personalidade e pessoa. A definição peirciana da personalidade como consistindo em um tipo de coordenação ou conexão entre ideias (Cf. W 8.154) será analisada, levando em consideração a sua unidade e o fundamento ontológico que a justifica. A partir dessa análise, procurar-se-á explicitar, no espaço aqui disponível, porque apenas o fenômeno da personalidade, mesmo em sua persistência enquanto feixe de hábitos, não é suficiente para também explicar como alguém permanece sendo a mesma pessoa durante qualquer duração, independentemente das modificações que venha a sofrer. Surge, assim, a necessidade de se abordar como se dá a unidade da pessoa, como algo distinto da unidade da personalidade. Revelar-se-á que o conceito de pessoa, em Peirce, exige a realidade de uma unidade sucessiva de estados de consciência, que costuma ser expressa como “eu”. Qual a natureza dessa unidade e como ela também se encontra devidamente assentada na ontologia realista/idealista de Peirce é o que, enfim, buscaremos clarificar.