Objetividade do conhecimento e autonomia do mundo cultural

Autores

  • Serge Grigoriev University of Hawaii at Hilo

Palavras-chave:

Cultura, Popper, Anancasticismo, Agapismo, Evolução

Resumo

Neste trabalho faço uso da distinção peirceana entre os modos de evolução anancástica e agapástica para ressaltar o que considero como as tensões estratégicas no relato evolucionário da objetividade de Karl Popper. A distinção entre o conhecimento subjetivo e o objetivo constitui um dos temas centrais da filosofia da ciência de Popper. Popper localiza o subjetivo na esfera das experiências e crenças conscientes; e o objetivo, na esfera dos produtos culturais da mente humana, tais como as teorias. Não deixa de ser interessante, Popper afirma que os habitantes desta última esfera ("mundo 3," no seu idioma) gozam de certa autonomia em relação à esfera das experiências conscientes (ou "mundo 2"). Em outras palavras, do ponto de vista de Popper, o conteúdo de nossas teorias deve ser determinado por algo além e acima do conteúdo específico de nossas práticas discursivas. Esta sugestão é muito mais intrigante uma vez que Popper explicitamente nega a possibilidade de uma confrontação não mediada entre nossas teorias e eventos no mundo das coisas físicas ("mundo 1"), que serve como nosso paradigma do real. Meu argumento indica que a interpretação do relato de Popper da autonomia e objetividade do mundo cultural depende do modo como ele constrói a noção axial da intersubjetividade, que pode ser lida quer ao longo de linhas anancásticas ou agapásticas, com a última sendo uma alternativa mais promissora.

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