Casos versus Teoria em Ética de Negócios: Uma Reconciliação Pragmática

Autores

  • Rogene A. Buchholz

Palavras-chave:

pragmatismo, ética dos negócios, teoria, casos, imaginação moral, sensitividade

Resumo

Praticantes de ética em negócios comumente se dividem em duas categorias: aqueles que enfatizam teorias éticas abstratas incorporando princípios universais, e que aplicam essas teorias e seus princípios resultantes a casos específicos, e aqueles que enfatizam o estudo dos casos sem qualquer experiência teórica extensiva. O problema com a primeira categoria é que se trata de uma abordagem muito estéril e abstrata da ética, desligada da dinâmica do mundo real, e que faz a ética parecer irrelevante em face das complexidades das decisões que encaram os administradores. O problema com a segunda abordagem é que ela resulta em um tipo de análise “a minha opinião versus a sua”, deixando aqueles que têm de tomar decisões administrativas sem nenhuma estrutura conceitual com a qual abordar questões éticas. Uma maneira de sair desse dilema é dada pelo pragmatismo americano clássico, entendido mais como uma escola de pensamento filosófico do que como uma atitude prática, tida por característica do comportamento norteamericano.Ao repensar a emergência de valores morais e a natureza do raciocínio moral, o pragmatismo oferece um arcabouço teórico que fornece ele mesmo direção moral para a dinâmica da abordagem de estudos de caso. O pragmatismo enfatiza a inquirição experimental e o uso da imaginação moral para resolver questões éticas. Também enfatiza situações concretas em vez de princípios abstratos, e acentua a necessidade de sensitividade moral para tais situações. Não envolve uma aplicação de regras “do alto”, mas enfoca a riqueza de situações únicas e a necessidade de afinamento moral com um nível mais fundamental de relacionamento humano. Nesse contexto, o raciocínio moral implica um melhoramento da capacidade de perceber dimensões morais de situações, em vez de um jeito de simplificar o que é percebido. As capacidades humanas que devem ser desenvolvidas são a inteligência criativa para reestruturar situações problemáticas, a compreensão criativa de possibilidades autênticas surgindo de dentro da situação e a sensitividade para “o outro” e para a dimensão valorativa que permeia a completude da existência humana – capacidades que originam o balanceamento e a escolha de regras morais como hipótese de trabalho, e também a sua reconstrução contínua, quando necessário. Assim, a abordagem pragmática empresta a si mesma ao uso de casos, mas a análise de casos é feita dentro de um arcabouço teórico que implica uma abordagem dinâmica e de baixo para cima.

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Publicado

2013-01-09

Como Citar

Buchholz, R. A. (2013). Casos versus Teoria em Ética de Negócios: Uma Reconciliação Pragmática. Cognitio: Revista De Filosofia, 4(2), 18–32. Recuperado de https://revistas.pucsp.br/index.php/cognitiofilosofia/article/view/13227

Edição

Seção

Artigos