Normatividade Lógica e Responsabilidade Individual: Comentários sobre a Perspectiva de Peirce

Autores

  • Rosa Maria Calcaterra Dipartimento di Filosofi a Università degli Studi Roma Tre - Italia

Palavras-chave:

Ciências normativas, Peirce, Racionalidade, Responsabilidade, Subjetividade.

Resumo

A filosofia de Peirce parece pouco interessada em traçar uma “teoria do sujeito”, entendida como um fundamento possível para as verdades tanto teóricas quanto éticas. Ao contrário, Peirce enfatiza a importância de se compreender a ocorrência de signos como uma possibilidade original de entrar em contato com a verdade. Naturalmente, isso implica também uma posição metafísica, porém Peirce – distanciando-se o quanto possível do estilo filosófico cartesiano – não deseja permitir nenhuma metafísica do sujeito. Todavia, há muitas passagens na fi losofi a de Peirce que delineiam uma espécie de fenomenologia do sujeito consciente, onde emergem conceitos e problemas tradicionais que tratam de exigências éticas. Enfrentando esses problemas, a visão de Peirce não parece favorecer a chamada “dissolução do sujeito”; ao invés, favorece uma forma pós-cartesiana de “descentralizar o sujeito”. Muitas características cruciais e entrelaçadas da obra de Peirce desempenham um papel importante na composição de tal perspectiva: a crítica ao intuicionismo, que ele elaborou de forma totalmente original; a noção epistêmica da socialidade; a função constitutiva da comunicação interpessoal, tanto para o desenvolvimento da autoconsciência quando da percepção da falibilidade dos crentes; a identificação da natureza social do significado dos signos, e a validade das noções de verdade e realidade. Em suma, seu “socialismológico”, de acordo com o qual a comunidade – com suas linguagens e práticas – é determinante para se entenderem a subjetividade e os critérios práticos da ação humana. Neste trabalho tentarei aprofundar minha análise anterior do elemento antidogmático, como também as consequências éticas dessa visão da subjetividade, e do fato de sua fusão em uma forma de “externalismo” representar uma alternativa a modelos racionais e éticos centrados na “primeira pessoa”. Mais precisamente, com base nessas análises, focarei agora um problema que representa a premissa inevitável a qualquer discussão filosófi ca sobre ética: ou seja, o problema da responsabilidade humana. Tentarei apreender suas características distintivas por meio de algumas das passagens cruciais da obra de Peirce, inclusive de seu texto sobre ciências normativas. A questãoprincipal será a seguinte: será que a ideia peirciana de racionalidade lógica “final” implica uma relação problemática com liberdade e responsabilidade? A ambiguidade dessa ideia sugere voltar à ênfase de Kant na responsabilidade subjetiva como elemento crucial das potencialidades da razão, como também da conscientização de seus limites.

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Publicado

2013-01-22

Como Citar

Calcaterra, R. M. (2013). Normatividade Lógica e Responsabilidade Individual: Comentários sobre a Perspectiva de Peirce. Cognitio: Revista De Filosofia, 11(1), 11–21. Recuperado de https://revistas.pucsp.br/index.php/cognitiofilosofia/article/view/13374

Edição

Seção

Artigos sobre Pragmatismo