A UTOPIA de Thomas More: Um modelo de imaginação política e social na encruzilhada de Antigos e Modernos
DOI :
https://doi.org/10.23925/poliética.v5i2.36814Résumé
A Utopia (1516) de Thomas More ocupa um lugar peculiar nas diferentes escolas
de pensamento ocidental voltadas para a prospecção e antecipação do futuro. Trata-se de uma obra amplíssima, que não se restringe aos cânones de nenhuma disciplina específica, mas na qual a renovação do imaginário político ocupa uma centralidade evidente, mas nem sempre adequadamente compreendida. Situado na encruzilhada entre a tradição da Antiguidade clássica, que tem na República de Platão o seu expoente mais significativo, e a tradição moderna corporizada por Campanella e Francis Bacon, entre outros, o trabalho maior do grande pensador inglês obriga-nos a repensar criticamente os valores do humanismo e da tecnologia, à luz das suas contradições e resultados concretos, nos quais se incluem a crise contemporânea do ambiente e das alterações climáticas. Por outras palavras, a actualidade da utopia e da sua constelação temática é hoje maior do que nunca, muito embora o registo da esperança seja ultrapassado pelas incertezas dos riscos distópicos libertados pelo próprio sucesso da matriz tecnocientífica das utopias modernas.