A tese da igualdade das inteligências e a hipótese comunista

Autores

  • Sônia Campaner Miguel Ferrari PUC-SP

DOI:

https://doi.org/10.23925/poliética.v2i1.20658

Palavras-chave:

Hipótese comunista, igualdade, emancipação, educação.

Resumo

Em seu ensaio que aparece na coletânea L´idée Du communisme, Jacques Rancière discute o sentido, primeiramente,da palavra comunismo, a partir de uma frase de Alain Badiou na qual este afirma que “a hipótese comunista é a hipótese da emancipação”.Para definir o que entende por emancipação, Rancière recorre à noção estabelecida a partir da formulação de Joseph Jacotot,educador e pensador da emancipação intelectual do século XIX, e cuja obra Ranciére considera contribuir para o debate sobreeducação na França da década de 80 que ocorre em torno da obra de P. Bourdieu. Este denunciava a violência instalada no âmagoda prática educativa que reproduzia infinitamente a desigualdade que pretendia eliminar. A sociologia de Bourdieu tira duas consequênciascontraditórias da situação: propõe a redução das desigualdades pela explicitação das regras do jogo e pela racionalização dasformas de aprendizagem; e enuncia a vanidade de qualquer reforma, fazendo dessa violência simbólica um processo que reproduzindefinidamente suas condições de existência. Da sociologia de Bourdieu na França os reformistas extraíram um programa que visavareduzir as desigualdades, mas que continuava reafirmando a situação de inferioridade e pobreza daqueles a quem essas práticas eramdirigidas. A obra de Jacotot coloca uma outra perspectiva na discussão já que em primeiro lugar questiona, pela sua própria prática, ocírculo vicioso em que se encontra a sociedade pedagogizada. A escola para ele tem o poder de transformar a sociedade desigual emigual e de reduzir a “fratura social”. A sociedade atual não reconhece a desigualdade e a divisão de classes, mas se reconhece comohomogênea, homogeneização essa que se deve ao ritmo da produção e multiplicação das mercadorias e da participação de todos nas“fruições e liberdades” (RANCIÉRE, O MESTRE IGNORANTE, 14). A sociedade se vê com a função de igualar todos segundo critériosadvindos da produção. E é tarefa da escola igualar, diminuir a distância entre a igualdade propalada e a desigualdade existente. A partirentão dessa noção que considera que a emancipação é a saída de uma situação de menoridade, Ranciére se propõe a discutir a tese docomunismo das inteligências de Jacotot e sua relação com a organização comunista da sociedade. Nosso objetivo aqui é o de mapearessa relação e compreender o papel do reexame da hipótese comunista hoje.

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Publicado

2014-09-17

Edição

Seção

Artigos