Transplante renal em paciente hipersensibilizada após transplante de pâncreas isolado

Resumen

Introdução: O transplante de rim (TR) é a melhor terapia para pacientes com doença renal em estágio terminal, oferecendo vantagens de sobrevida e qualidade de vida quando comparado à diálise. Os pacientes em fila para TR podem tornar-se hipersensibilizados por fatores como gestações, transfusões ou transplantes prévios, o que dificulta em muito o aparecimento de doador compatível. Objetivos: Demonstrar as dificuldades para realização de TR em paciente hipersensibilizada por antecedente de transplante de pâncreas isolado (TPI). Metodologia: Acompanhamento prospectivo e análise retrospectiva de prontuário da paciente e revisão da literatura. Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 44 anos, portadora de Diabetes mellitus(DM) tipo 1 há 34, uma gestação prévia, submetida a TPI em fev/2005 por DM hiperlábil, na época com função renal normal. Após dois anos, houve perda imunológica do enxerto pancreático, retorno para uso de insulina e piora da função renal, iniciando hemodiálise e inscrita na fila estadual para TR. Neste momento, notou-se que a paciente estava hipersensibilizada, com painel de reatividade antigênica(PRA) de 99,4%. Dois doadores vivos relacionados foram estudados e tidos como incompatíveis. Após três anos de fila, recebeu oferta de 228 doadores renais, todos incompatíveis. Submetida então a protocolo de dessensibilização com imunoglobulina humana e teve redução do PRA para 82%. Recentemente houve doador compatível, sendo então submetida ao TR, com boa evolução e alta após 12 dias. Atualmente em seguimento ambulatorial póstransplante. Conclusão: Pacientes com TPI prévio podem tornar-se hipersensibilizados e deteriorar a função renal, necessitando de TR após pâncreas. Obter doador renal compatível para estes pacientes pode ser desafiador, mas possível em regionais com grande volume de doadores e novos protocolos de dessensibilização.