Perinatalidade e saúde mental
uma travessia fragilizante: relato de dois casos
Palabras clave:
poder familiar, saúde mental, cuidado pré-natal, planejamento familiar, período pós-partoResumen
Introdução: a perinatalidade é um momento delicado de transformações. Fatores de vulnerabilidade intensificam as fragilidades dessa transição e apresentam maior risco de descompensações e aberturas de quadros psiquiátricos. O período também é marcado por menor procura por serviços de saúde mental e menor investigação de sintomas, devido a uma negligência da saúde da mulher justificada pela atenção ao bebê. Diante destas fragilidades, somadas à dificuldade de tratar farmacologicamente, é importante entender as variáveis que modulam a experiência da maternidade. Relato dos casos: apresentam-se aqui um episódio depressivo grave agudizado pelo nascimento da segunda filha e o pré-natal de uma gestante com histórico de transtornos psiquiátricos. O primeiro caso foi acompanhado em consultas de psiquiatria em centro da atenção psicossocial, tratando-se de uma mulher de 27 anos, g2p2a0, com histórico de violência doméstica e histórico familiar de depressão, com queixas de tristeza, irritabilidade, pensamentos suicidas e impulsos agressivos voltados às filhas desde o nascimento da segunda filha. O segundo caso foi acompanhado em pré-natal de baixo risco, tratando-se de uma mulher de 37 anos, g8p4a3, com gestação não planejada e solicitação de laqueadura negada pela avaliação psicológica, previamente diagnosticada com transtorno de ansiedade generalizada e transtorno obsessivo compulsivo, em uso de fluvoxamina, que foi substituída por sertralina, com dificuldade de controle dos sintomas, pois a paciente faltou a consultas e não conseguiu acompanhar em serviço especializado. Discussão: os tratamentos e as tentativas de manejo foram adequados, dentro das condições, levando em consideração a individualidade das pacientes. as mulheres foram amparadas por ferramentas da atenção básica em momentos de descompensação. Estes casos evidenciam aspectos importantes da experiência da maternidade e seu potencial de fragilizar a saúde mental da mulher. São relevantes os contextos socioeconômico, ambiental, familiar e cultural, assim como antecedentes psiquiátricos e obstétricos, como moduladores dessa experiência. Conclusão: destacam-se a necessidade de abordar a saúde mental durante o planejamento reprodutivo, o pré-natal, o puerpério e ao longo da parentalidade. O desafio, porém, é atuar sobre os fatores de risco e prevenir tais impactos na saúde mental e suas consequências na maternidade.
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