As correlações neurobiológicas entre o tabagismo e a esquizofrenia

Autores

  • Luiz Lippi Rachkorsky Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde – Sorocaba (SP), Brasil.
  • Beatriz Marie Ghiotto Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde – Sorocaba (SP), Brasil.

Palavras-chave:

tabagismo, esquizofrenia, receptores nicotínicos, teoria dopaminérgica

Resumo

Introdução: a esquizofrenia é um transtorno mental grave, caracterizado por apresentar sintomas positivos e negativos e uma associação à baixa expectativa de vida atribuída a maiores ideações suicidas e aumento da incidência de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, as quais possuem como fator de risco o tabagismo, prática extremamente incidente nesta população se comparada à população geral. o tabaco, além de favorecer mecanismos de lesão endotelial, modula por meio de receptores nicotínicos diversas vias do sistema nervoso central gerando dependência e alterações neurofisiológicas compatíveis com mecanismos compensatórios às manifestações da esquizofrenia e de seu tratamento, sendo importante conhecer a neurobiologia envolvida nestas associações. relato de caso: paciente esquizofrênico de 31 anos, psiquicamente e farmacologicamente estável após quadros psicóticos recentes com amnésia lacunar e alto grau de dependência tabágica. Discussão: segundo a teoria dopaminérgica, ocorre na esquizofrenia a hiperativação da via mesolímbica, gerando os sintomas positivos, e a hipoatividade da via mesocortical, ocasionando os sintomas negativos. Antipsicóticos clássicos utilizados na terapêutica atuam de forma não seletiva bloqueando a totalidade das vias dopaminérgicas, resultando na melhora dos sintomas positivos e piora dos negativos. a nicotina por sua vez atuaria neste processo promovendo uma secreção temporária de neurotransmissores como a dopamina na fenda sináptica resultando em uma resposta compensatória à hipoativação global promovida pelos fármacos. Além disso, através deste mecanismo secretório seria capaz de melhorar sintomas atencionais regulando o potencial evocativo sensorial e de atuar sobre a subunidade α-7 dos receptores nicotínicos, ambos regulados por loci geneticamente associados à fisiopatologia da esquizofrenia. Conclusão: a relação entre o tabagismo e a esquizofrenia mostra-se extremamente complexa posto o papel paradoxal da nicotina, que apesar de melhorar um grupo de sintomas, traz malefícios importantes a longo prazo que afetam a expectativa de vida dos pacientes, fazendo-se necessários maiores estudos para avaliação de seu uso contínuo nesta condição. 

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Publicado

2023-10-13

Como Citar

1.
Rachkorsky LL, Ghiotto BM. As correlações neurobiológicas entre o tabagismo e a esquizofrenia. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba [Internet]. 13º de outubro de 2023 [citado 5º de julho de 2024];25(Supl.). Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/view/63859