Maria Firmina dos Reis como um contraponto ao modernismo paulista?

Uma hipótese ainda não comprovada

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1982-6672.2022v15i44p60-80

Palavras-chave:

Semana de Arte Moderna, Maria Firmina dos Reis, Graça Aranha, Monteiro Lobato, 1921 e 1922

Resumo

Um ano antes da realização da Semana de Arte Moderna de 1922, o escritor Graça Aranha teria procurado Monteiro Lobato para lhe sugerir a publicação de uma segunda edição do romance Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, como uma forma de ambos os autores se contraporem aos ideais modernistas paulistas, valorizando o que eles consideravam como uma literatura verdadeiramente nacional. Buscando problematizar esse possível episódio da historiografia literária brasileira, cujas referências não foram apresentadas por Lucciani M. Furtado em seu Memorial de Maria Firmina dos Reis, esse artigo tem por intuito debater, num primeiro momento, a possibilidade de reedição do romance inaugural da maranhense como um contraponto ao modernismo paulista, para, logo na sequência, apontar o descaso com que as fontes documentais são tratadas por determinados pesquisadores, sobretudo quando elas se referem à história e ao legado de personalidades negras brasileiras.

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Biografia do Autor

Rafael Balseiro Zin, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Rafael Balseiro Zin é sociólogo (MTB 2204/SP), com especialização em Estudos Brasileiros: sociedade, educação e cultura. Possui graduação em Sociologia e Política (2012), pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo; mestrado em Ciências Sociais (2016), pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; e doutorado em Ciências Sociais (2022), pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde participa, como pesquisador, do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp/CNPq). Tem experiência nas áreas de Pensamento Social Brasileiro, Estudos Culturais e Estudos Literários, atuando, principalmente, com os seguintes temas: trajetória intelectual dos escritores abolicionistas no Brasil; literatura abolicionista escrita por mulheres no Brasil dos oitocentos; literatura abolicionista publicada no Brasil do pós-abolição; formação do cânone literário brasileiro, racismo e sexismo; e sociologia das relações raciais e de gênero no contexto literário brasileiro. 

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Publicado

2022-10-28