Musealizando a Natureza Barata
arte, ruína e antropoceno na Mata Sul de Pernambuco
DOI:
https://doi.org/10.23925/1982-6672.2022v15i45p95-116Palavras-chave:
Antropoceno, Capitaloceno, arte contemporânea, museusResumo
Este trabalho almeja investigar a operação de musealização na relação com os processos tributários da arte contemporânea e da dimensão da ruína, que estão alinhados à problemática da desmaterialização e da degradação dos objetos, convergindo com a recente ênfase de interesses multidisciplinares no conceito de Antropoceno. Chamando atenção para a crise ambiental como emergência política e um contexto de dano material e ecológico para além das obras de arte e espaços de exibição já descartados como objeto durável, segundo o contraponto atual à perspectiva da arte antropocêntrica vigente na experiência moderna. Ao longo do estudo, serão exploradas algumas poéticas de interlocutores da cena contemporânea das artes visuais, com trabalhos selecionados que dialogam com a paisagem rural conformada pela plantation tradicional, expostos no Parque Artístico Botânico da Usina de Arte, que pode ser encarado como um Museu Paisagem de Arte Contemporânea (MPAC). Partindo do geral (a desmaterialização conceitual da arte contemporânea, a ruína como poética, o apelo do antropoceno) para o particular (a experiência regional dos processos artísticos com a paisagem da plantation na Mata Sul pernambucana), a pesquisa adota como objetivo específico analisar como se comportam os procedimentos de musealização dentro das especificidades temporais (históricas) e regionais que situam esta fração do circuito das artes visuais num contexto de revisão crítica da museologia tradicional e da modernidade.
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