As múltiplas temporalidades da infraestrutura

cidades atômicas e a memória de futuros perdidos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.23925/1982-6672.2022v15i45p117-134

Palavras-chave:

Antropoceno, usinas nucleares, cidade atômica, mito do progresso

Resumo

Usinas nucleares, com sua promessa de energia a baixo custo e sem limites, são arquetípicas do progresso da modernidade. Ao reconhecermos os limites do progresso industrial e do capital baseado no crescimento, lugares onde o sonho acabou, cujos habitantes estão encontrando modos de vida em meio à transição oferecerem ontologias práticas emergentes baseadas em manutenção, bricolagem e necessidade. Através de um estudo de caso da cidade atômica de Visaginas, na Lituânia, este artigo aborda a questão sobre como dar conta das formas de vida que surgem em um contexto de esgotamento da alta modernidade. Aqui, infraestruturas operam como recursos culturais e materiais residuais para ontologias práticas e para a construção do mundo pós-progresso. Com base em uma discussão sobre a estética política da infraestrutura, sugiro que sua transição ontológica envolve o que Mark Fisher descreve como a “memória de futuros perdidos”, um futuro anterior que, através dos restos de conexões materiais, de tecnoculturas ede memória cultural fornece limites e condições para formas de vida emergentes “pós-progresso”.

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Biografia do Autor

Leila Dawney, University of Exeter

Atualmente é professora da Universidade de Exeter, trabalhou na Universidade de Brighton, no Departamento de Sociologia da Goldsmiths, Universidade de Londres, e no Departamento de Sociologia da Universidade de Warwick. Possui doutorado em Geografia Cultural na Universidade de Exeter, com bolsa da AHRC. É membro do coletivo de pesquisa Authority Research Network que publicou o livro Power and the Commons: the promise of alternative futures. Página profissional: https://geography.exeter.ac.uk/staff/index.php?web_id=Leila_Dawney.

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Publicado

2023-01-29