Avicena e as Ciências Mistas

Autores

  • Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento PUC-SP, São Paulo

Resumo

Alguns textos de Aristóteles (Física II, 2; Segundos Analíticos I, 7, 9 e 13) mencionam certas ciências (astronomia, harmônica, ótica e mecânica, esta última apenas nos Segundos Analíticos) a propósito da distinção entre física e matemática (na Física), da impossibilidade de usar demonstrações de uma ciência em outra (metábase) e da distinção entre uma prova de quê e de por quê (nos Segundos Analíticos). Estas passagens deram ocasião a que seus comentadores, sobretudo árabes e latinos, se ocupassem com a situação epistêmica de tais ciências. Pretende-se nesta comunicação examinar como Avicena, ou mais precisamente o Avicena Latino, trata deste tópico no Liber primus naturalium e o que acrescentaria ao texto de Aristóteles. Seria possível, quanto a isto indicar pelo menos o acréscimo de mais duas ciências à lista de Aristóteles (ciência das esferas em movimento e ciência dos pesos), uma definição formal deste tipo de ciências, como implicando seu caráter misto (Avicena está falando da astronomia): “esta ciência é como que se fosse mista da natural e da disciplinar [matemática]. Visto que a disciplinar pura é abstrata, de modo nenhum na matéria, e esta é como que inserindo esta abstrata na matéria designada [determinada]”. Note-se também uma terminologia não encontrada no texto de Aristóteles: “ciência mista” – no texto árabe ciência “participante” (mushtarak) ou “composta” (murakkab) –, “ciência pura e inserida”, “abstração”.

Biografia do Autor

Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento, PUC-SP, São Paulo

Professor assistente-doutor, Departamento de Filosofia, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil

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Artigos Originais