Projeto Genoma Humano: uma leitura atenta do livro da vida?
Resumo
A idéia de seqüenciar todos os 3 bilhões de bases do genoma humano surgiu no final da década de 80 e teve seu início no começo da década de 90. Em junho de 2000 foi anunciado o primeiro "rascunho" do seqüenciamento e em fevereiro de 2001, a seqüencia finalizada foi publicada em dois artigos científicos, um na revista Science e o outro na revista Nature. Surgiram discussões sobre as implicações éticas, legais e sociais geradas por esse empreendimento. As principais questões são: "quem deve ter acesso às informações genéticas de um indivíduo?"; "as informações genéticas serão utilizadas como instrumento de discriminação?"; "existe o risco do surgimento de uma moderna eugenia, baseada no genoma?"; "o determinismo genético estaria de volta?" O seqüenciamento total do genoma humano está permitindo o desenvolvimento de novos testes diagnósticos para doenças genéticas e de novos medicamentos levando-se em conta o genótipo individual do paciente. Estes são alguns dos resultados positivos e mais imediatos do Projeto. Vários trabalhos da literatura procuram associar genes específicos com traços complexos de personalidade, como inteligência, humor, coragem. Existem também trabalhos que procuram evidências de que o alcoolismo, a dependência química de drogas e outros distúrbios do comportamento humano sejam determinados geneticamente. Embora nenhum trabalho científico tenha concluído que, realmente, esses traços sejam determinados geneticamente, o determinismo biológico que leva em conta exclusivamente o genótipo, sem considerar as influências sociais e culturais do meio, está presente em alguns segmentos da sociedade, que encontram na ciência um suporte para este tipo de idéia. Esquecer ou negligenciar que parte, grande ou pequena, do que somos é influenciado pelo ambiente e considerar somente o genótipo, pode trazer conseqüências sérias para a sociedade.Downloads
Publicado
2008-03-17
Edição
Seção
Artigos Originais