Trancendentalismo: Bach , Villa-Lobos , Baden Powell e Vinícius de Moraes em Poucas Notas

Autores

  • Ana Claudia Trevisan Rosário Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Palavras-chave:

Charles Sanders Peirce, J.S.Bach, Música Brasileira, Fenomenologia peirciana, Semiótica

Resumo

Em 7 de maio de 1747, um encontro histórico entre J.S. Bach e o então Grande Rei da Prússia, Frederick II, contemplou-nos, com uma ideia musical, aparentemente simples, pontuando eloquente e precioso desafio intelectual. Frederick II, ao chamar Bach ao seu encontrou, solicitou-lhe (e há quem afirme, com intenção desafiadora e até humilhadora), que através dessa ideia musical composta de seis notas criada por ele, Bach compusesse uma fuga a três vozes. Não satisfeito, o grande Rei desafiou-o mais uma vez, insistindo em uma composição, então a seis vozes. Cansado, Bach retirou-se e regressou para Liepzig para trabalhar naquela ideia, brindando-nos com a grandiosa´Musikalisches Opfer, BWV 1079´. Inspirado especialmente na ideia de seis notas e na grande admiração por J.S.Bach, nosso maior ícone na composição musical erudita, Heitor Villa-Lobos, compõe o Prelúdio das Bachianas Brasileiras número quatro. Baden Powell e Vinícius de Moraes , em 1962, desenvolvem a mesma ideia musical na exponencial obra popular: “Samba em Prelúdio”. Incluir neste ensaio um componente geográfico, um elo ou substrato estilístico em comum, uma filosofia estética analítica, será insuficiente. Fundamentalmente, a fenomenologia concebida pelo filósofo americano Charles Sanders Peirce, bem como a semiótica e a linguagem da arte irão amparar uma abertura para início de uma discussão. Lançaremos um olhar nos elementos fenomenológicos de primeiridade, a saber, contemplação, ideia, qualidade de sentimento, o quali-signo e a categoria de terceiridade reconhecendo a polifonia aperfeiçoada por J.S. Bach, as formas típicas da Suíte desenvolvidas tão originalmente nas Bachianas Brasileiras e por último na bela canção “Samba e prelúdio”.

Biografia do Autor

Ana Claudia Trevisan Rosário, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Bacharel em Música pela UFSM e mestranda do Programa de Estudo Pós graduados em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Referências

BACH, Anna Magdalena. Memórias Íntimas de Anna Magdalena Bach. São Paulo: Atena, 2000.

CASTELO, José. Vinícius de Moraes o Poeta da Paixão – uma biografia. 2ª edição. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

DONINGTON, Robert. Baroque Music: Style and Performance. London- England: Thetford Press, 1985.

GANES, James R. Uma Noite no Palácio da Razão. O Encontro de Bach e Frederico, o Grande na Era do Iluminismo. Rio de Janeiro: Record, 2007.

FREDERICK and VOLTAIRE. Letters of Voltaire and Frederick the Great. New York: Brentano's, 1927.

IBRI, Ivo Assad. Kósmos Noétos - A Arquitetura Metafísica de Charles S. Peirce. São Paulo: Perspectiva / Hólon, 1992.

KENNAN, Kent. Counterpoint: Based on Eighteenth-Century Practice. Upper Saddle River/US: Pearson Education, 1998.

MARIZ, Vasco. Heitor Villa-Lobos: O Homem e a Obra. São Paulo: Francisco Alves, 2005.

NEWGER, Manuel. Villa-Lobos: O Florescimento da Música Brasileira. São Paulo: Martins, 2009.

PEIRCE, Charles S. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 1977.

POWELL, Baden. Disponível em: <http://www.badenpowell.com.br/index.htm>.

RIBEIRO, João Carlos (Org.) O Pensamento Vivo de Heitor Villa-Lobos. São Paulo: Martin Claret, 1987.

Downloads

Publicado

2013-01-20

Edição

Seção

Artigos