Liberdade como resistência: nos caminhos da articulação pública do sofrimento individual

Autores

  • Thiago Ferrare Pinto Universidade de Brasília - UnB

Palavras-chave:

Liberdade, Sofrimento, Resistência

Resumo

O caráter abstrato da concepção moderna de liberdade anuncia-se enquanto perda de contato do sujeito com o mundo social. Isolado de contextos intersubjetivos, o sujeito moderno vê sua liberdade converter-se em agir adaptativo, em pura estratégia diante do movimento inexorável da realidade social. A assunção da perspectiva segundo a qual o quadro normativo que estrutura a vida compartilhada é produto da ação social torna evidente o traço puramente formal da concepção moderna de liberdade e faz possível a visualização da relação interna entre história e sofrimento. A impossibilidade de fundar a crítica social no sofrimento abstrato da classe proletária gera a necessidade de tomar o sofrimento individual como ponto de partida da reflexão filosófica. A partir daí, ganha sentido a tematização dos caminhos pelos quais o sofrimento individual adquire horizontalidade e, portanto, alcance compartilhável. Aqui se vê a gênese da resistência enquanto articulação pública de demandas individuais que se provam típicas de certa posição social.      

Biografia do Autor

Thiago Ferrare Pinto, Universidade de Brasília - UnB

Mestrando em Ética e Filosofia Política pela Universidade de Brasília - UnB.

 

Referências

ADORNO, Theodor. Dialética negativa. Trad. Marco Antonio Casanova. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

_______. Três estudos sobre Hegel. Trad. Ulisses Razzante Vaccari. São Paulo: Unesp, 2013.

BRANDOM, Robert. Perspectives on pragmatism: classical, recent and contemporary. Cambridge: Harvard University Press, 2011.

_______. Tales of the mighty dead: historical essays in the metaphysics of intentionality. Cambridge: Harvard University Press, 2002.

BRINK, Bert van den. Damaged life: power and recognition in Adorno’s ethics. In: BRINK, Bert van den; OWEN, David (Orgs.). Recognition and Power: Axel Honneth and the tradition of critical social theory. Cambridge: Cambridge University Press, p. 79-99.

FORST, Rainer. Contextos da justiça: filosofia política para além de liberalismo e comunitarismo. Trad. Denilson Luís Werle. São Paulo: Boitempo, 2010.

GIORDANI, Mário Curtis. História dos séculos XVI e XVII na Europa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

HABERMAS, Jürgen. A ética da discussão e a questão da verdade. Trad. Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

_______. O discurso filosófico da modernidade: doze lições. Trad. Luiz Repa e Rodnei Nascimento. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

_______. Verdade e justificação: ensaios filosóficos. Trad. Milton Camargo Mota. São Paulo: Loyola, 2004.

HEGEL, G. W. F. Enciclopédia das ciências filosóficas em compêndio. Trad. Paulo Meneses. São Paulo: Loyola, 1995.

_______. Fenomenologia do espírito. Trad. Paulo Meneses. Rio de Janeiro: Vozes, 2012.

_______. Princípios da filosofia do direito. Trad. Orlando Vitorino. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado Eclesiástico ou Civil. Trad. João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

HONNETH, Axel. Disrespect: the normative foundations of critical theory. Trad. John Farrell e outros. Cambridge: Polity Press, 2007.

_______. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. Trad. Luiz Repa. São Paulo: Editora 34, 2003.

_______. Pathologies of social reason: on the legacy of critical theory. Trad. James Ingram e outros. New York : Columbia University Press, 2009.

_______. Sofrimento de indeterminação: uma reatualização da Filosofia do Direito de Hegel. Trad. Rúrion Soares Melo. São Paulo: Esfera Pública, 2007.

_______. The I in we: studies in the theory of recognition. Trad. Joseph Ganahl. Cambridge: Polity Press, 2012.

HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

INGRAM, David. Habermas e a dialética da razão. Trad. Sérgio Bath. Brasília: Universidade de Brasília, 1993.

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. In: Crítica da razão pura e outros textos filosóficos. São Paulo: Abril Cultural, 1975. (Os pensadores).

_______. Princípios metafísicos da doutrina do direito. Trad. Joãosinho Beckenkamp. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2014.

_______. Prolegômenos. In: KANT, Immanuel. Crítica da razão pura e outros textos filosóficos. Trad. Tania Maria Bernkopf. São Paulo: Abril Cultural, 1974. (Os pensadores).

_______. O que significa orientar-se no pensamento? In: Textos Seletos. Trad. Floriano de Sousa Fernandes. Petrópolis: Vozes, 1985.

KARL, Marx. Manuscritos econômico-filosóficos. Trad. Jesus Ranieri. São Paulo: Boitempo, 2010.

_______. O capital: crítica da economia política. Trad. Régis Barbosa e Flávio R. Kothe. São Paulo: Nova Cultural, 1985.

LIMA, Erick. A autoridade normativa das práticas compartilhadas: uma interpretação da introdução à Filosofia do Direito de Hegel. In: Dissertatio, v. 40, 2014.

LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo civil e outros escritos: ensaio sobre a origem, os limites e os fins verdadeiros do governo civil. Trad. Magda Lopes e Marisa Lobo da Costa. Petrópolis: Vozes, 2006.

LUKÁCS, Georg. História e consciência de classe: estudos sobre a dialética marxista. Trad. Rodnei Nascimento. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

_______. Sobre verdade e mentira. Trad. Fernando de Moraes Barros. São Paulo: Hedra, 2007.

PIPPIN, Robert. Hegel’s practical philosophy: rational agency as ethical life. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.

Downloads

Publicado

2016-10-09

Edição

Seção

Artigos