A função biológica da consciência: William James e Erwin Schrödinger
Autores
Pablo de Araújo Batista
Palavras-chave:
Consciência, William James, Erwin Schrödinger
Resumo
Numa época em que idéias remanescentes do dualismo cartesiano e do neokantismo ainda dominavam a corrente filosófica, o pragmatismo despontava com a possibilidade de abandonar as dicotomias e a busca infrutífera pelo incognoscível, em prol da criação de uma filosofia de transição e voltada para a construção de um futuro melhor. Como representante do pragmatismo, o psicólogo norte-americano William James defendeu em seus estudos uma espécie de monismo, argumentando que apenas uma substância existia no mundo: a experiência pura. No ano de 1904 James publicou o ensaio “A consciência existe?” onde negou a existência de uma substância consciente ou de uma res cogitans habitando um mundo ontológico distinto do mundo material. Embora nos primórdios da psicologia, as idéia de James podem ser vista como o vislumbre do desenvolvimento posterior em áreas como a Neurociência e a Filosofia da Mente. Ciente ou não do pensamento pragmatista, o físico austríaco Erwin Schrödinger desenvolveu em seus últimos trabalhos uma concepção semelhante a respeito das distinções poucos frutíferas promovidas pelo pensamento filosófico ocidental. No ano de 1956, Schrödinger proferiu uma palestra estimulante com o título de “Mente e Matéria”, onde analisou a procura pela base física da consciência. Nesse texto, tentarei construir uma ponte pouco convencional entre o pragmatismo de William James e os estudos biológicos do físico Erwin Schrödinger, que resultaram em teorias alternativas sobre a consciência. A partir dessa perspectiva, é possível avaliar os atuais avanços na compreensão da mente e do papel da consciência como função adaptativa de organismos altamente complexos.