Os inícios da abertura pragmática de Wittgenstein: o princípio do contexto

Autores

  • Rafael Lopes Azize Unicamp

Palavras-chave:

Linguagem, Pragmática, Contexto, Uso, Wittgenstein

Resumo

Nas conversas com Schlick e Waismann em Viena, ao final dos anos 1920, Wittgenstein enceta a sua a crítica à imagem do sentido que propusera no Tractatus, e começa a explorar o que Arley Moreno chama de uma janela deixada por abrir naquele livro: a janela da aplicação dos conceitos da lógica. Para tanto, avança uma nova série de conceitos – sobretudo regra e sistema de regras – e uma nova abordagem da significação, vista como uma atividade de, justamente, aplicação de conceitos, e como um fenômeno cujas determinações suficientes são autônomas no que diz respeito a relações causais. Uma maneira de caracterizar este primeiro movimento de crítica ao Tractatus, e também de abertura para o domínio do pragmático, seria em termos da oposição entre, de um lado, o princípio de comparação da figuração especular tractatiana, e de outro lado o princípio contextual fregeano, tomado agora num sentido progressivamente menos excludente por Wittgenstein. Assim, no início dos anos 30, a forma lógica como critério único do sentido cede o seu lugar à pluralidade dos sistemas de regras. As regras de um mesmo sistema organizam-se segundo um critério comum, e descontínuo com critérios de outros sistemas de regras. Um certo estilo de análise mantém-se nesse, digamos, atomismo das regras. Mas a janela para o âmbito pragmático, para a dimensão que Wittgenstein chamará de gramatical, foi definitivamente aberta. A análise desta abertura insere-se num trabalho mais amplo de caracterização da progressiva estruturação do conceito de ‘uso’, cujo amadurecimento será importante para a exploração filosófica do âmbito pragmático da significação tal como sugerida nas obras tardias de Wittgenstein.

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