O Consenso da Comunidade de Investigadores e a Terceiridade do Real em C. S. Peirce: uma réplica a Kirkham

Autores

  • José Francisco dos Santos Centro Universitário de Brusque – Unifebe

Palavras-chave:

Terceiridade real, Comunidade de investigadores, Realismo, Verdade

Resumo

Em Peirce, a verdade coincide com a opinião final, que uma comunidade de investigadores presumivelmente chegaria, caso a investigação sobre o tema fosse estendida indefinidamente. Entre outras coisas, essa tese indica a falibilidade de qualquer conclusão sobre matérias de fato, a que qualquer investigador pode chegar num tempo determinado. Essa falibilidade é motivada, por um lado, pelas limitações da nossa investigação, e, por outro, pelo caráter incerto do próprio objeto. Essa incerteza se deve à ação do Acaso, como elemento constituinte das coisas, e corresponde à categoria da primeiridade. O caráter de generalidade, que permite nossa compreensão do universo, se deve à formação de hábitos de ação, resultado da repetição de eventos. Esse é o elemento da terceiridade. Em Peirce, a terceiridade não corresponde apenas a uma categoria do pensamento, mas possui seu correlato real no “comportamento” das próprias coisas. A generalidade, assim, é real, e representa-la é o objetivo da ciência. Nossas teorias serão verdadeiras se representarem adequadamente o comportamento das coisas. A investigação, se levada a cabo por tempo indeterminado, e por uma comunidade de investigadores, convergirá para uma descrição cada vez mais perfeita da realidade, pois a própria investigação é auto-corretiva, e os erros individuais tenderão a ser superados com o tempo. Quando a idéia do consenso da comunidade de investigadores é tomada sem as considerações de ordem ontológica do autor, a teoria perde sua veia realista, e se torna relativista. Esse desvio de interpretação acontece com alguma freqüência.

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