Da Comunidade Indefinida de Investigadores à Comunidade de Comunicação

Autores

  • Josué Cândido da Silva Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

Palavras-chave:

Ética do discurso, Comunidade de comunicação, Apel, Pragmatismo

Resumo

Karl-Otto Apel partilha com Jürgen Habermas a tentativa de fundamentar a ética em termos da filosofia da linguagem, o que denominam de ética do discurso. Tal tentativa pretende retomar a questão kantiana sobre as condições transcendentais de possibilidade e validade da ciência através do discernimento quanto ao status transcendental da linguagem e da comunidade lingüística. Tal programa, segundo Apel, teria sido iniciado pela transformação semiótica da lógica transcendental de Kant operada por Charles Sanders Peirce. Segundo Apel, Peirce teria realizado essa transformação ao forjar o conceito de uma “Comunidade indefinida de investigadores” na qual convergem o postulado semiótico de uma unidade supra-individual da interpretação, de um lado, e o postulado próprio à lógica da pesquisa de um asseguramento experimental “in the long run”, de outro. Dessa forma, Peirce supera a distinção kantiana entre razão teórica e prática, ou entre princípios regulativos e postulados morais, já que o próprio processo cognitivo ilimitado, como processo social real, constitui-se ao mesmo tempo em objeto da lógica e da ética. Apel, porém, ao fundamentar a ética do discurso no conceito de comunidade de comunicação distancia-se de Peirce ao situar o princípio regulativo da comunidade de comunicação não mais na lógica da pesquisa da comunidade científica, mas na idéia de uma comunidade interpretativa ilimitada, que, de maneira implícita pressupõe todo argumentante como uma instância ideal de controle. A razão de tal mudança operada por Apel é o tema deste artigo.

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