Repensando a Estética de Peirce Através de uma Fenomenologia do Prazer e da Dor

Autores

  • Joshua Ziemkowski The Pennsylvania State University - USA

Palavras-chave:

Peirce, Fenomenologia, Ciência Normativa, Estética, Ética, Lógica, Hedonismo, Sentimento estético, Prazer, Dor, Auto-controle, Hábito

Resumo

Como observa Beverly Kent em seu estudo definitivo da classificação das ciências feito por Peirce, foi somente ao final de 1902 que sua classificação das ciências normativas acolheu plenamente a estética e a ética. Mesmo em “Minute Logic” (Lógica Menor) Peirce resistiu em incluí-las. Sua relutância inicial em confirmar a normatividade destas ciências deveu-se em grande parte ao temor que, se a lógica se baseasse na ética e, mais pontualmente, se a ética se baseasse na estética, tanto uma quanto a outra estariam se rendendo ao hedonismo. Peirce finalmente reconheceria que esta objeção se baseava num “erro fundamental de concepção” da natureza das três ciências normativas, bem como na falha de compreensão da falácia do hedonismo. Este artigo considerará, primeiramente, a análise feita por Peirce da falácia do hedonismo e como ele defendia sua classificação das ciências normativas contra essa visão. A natureza da interdependência das três ciências normativas não poderá ser compreendida sem primeiro demonstrarmos como o hedonismo é afastado. A seguir, o artigo examinará a avaliação positiva feita por Peirce em relação ao embasamento da lógica na ética e da ética na estética. A analogia que se estabelece entre o esteticamente bom e o prazer é de particular interesse em relação a este problema. Mesmo quando Peirce rejeitava a doutrina hedonista segundo a qual o raciocínio lógico é redutível a um sentimento de logicidade, ele não obstante insistia que o ato de raciocinar depende do respeito importante ao sentimento estético. Este trabalho refletirá sobre a natureza desta dependência ao examinar a relação entre fenomenologia e ciência normativa. Será argumentado que a refutação feita por Peirce em relação ao hedonismo demanda uma nova fenomenologia do prazer e da dor, ao invés da dissociação de ambos os conceitos do campo da lógica. Considerando-se que a autocrítica e o autocontrole começam com a formação de hábitos de sentimento, a concepção de Peirce quanto ao sentimento estético terá conseqüências importantes para a relação entre filosofia e conduta. A conclusão do artigo compreenderá a tentativa de delinear algumas dessas conseqüências.

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