Semiótica Psicosocial: O Paradigma Específico da Reabilitação do Trabalho

Autores

  • Patrick Loisel Université de Sherbrooke - Canada

Palavras-chave:

Semiótica psicosocial, Reabilitação no trabalho, Signos, Diagnóstico de invalidez.

Resumo

Nesta análise semiótica do diagnóstico médico através de uma abordagem biopsicosocial da doença e enfermidade, de Silveira indica que quando analisando signos observados "conflitos podem resultar devido ao fato que todos aqueles que são responsáveis pela saúde não compartilham dos mesmos valores ou da mesma linguagem que os pacientes e seus parentes" (tradução livre). Na área do trabalho de prevenção de invalidez e reabilitação, a presença de múltiplos "apostadores" ("stakeholders") torna o caso muito mais complexo. O trabalho em prol da prevenção de invalidez e reabilitação trata do problema de pessoas que não retornam ao trabalho após enfermidade ou acidente. Elas adotam um novo comportamento incluindo exacerbação de dor, retraimento da atividade, freqüentemente revelando sintomas depressivos e isolamento social. Estas pessoas têm pobres indicadores de saúde e geram custos consideráveis em termos de compensação, tratamento (custos diretos) e desorganização do trabalho (custos indiretos). Dados recentes nesta área mostraram que previsores de invalidez ("disability predictors") diferem das causas de doenças e estão relacionados ao sistema complexo que gravita em torno do absenteísmo no trabalho, incluem o próprio local de trabalho (empregados e sindicatos), o sistema de seguro e o sistema de saúde . Múltiplos "apostadores" deste sistema complexo observam os sinais gerados pelo paciente/trabalhador e a situação gerada pelo processo de invalidez e analisam estes sinais através de sua grade de análise ("grid of analysis"), que depende de seus objetivos específicos e de seu conhecimento e cultura. Por exemplo, o médico atento aos sinais de dor, tentará, através da solicitação de uma bateria de exames ou consultas a especialistas, encontrar e curar uma doença específica, mesmo que esta "doença" seja simplesmente o resultado de mudanças degenerativas naturais devido ao envelhecimento. Isto resultará no reforço, na mente do paciente, de que ele/ela pode estar acometido por uma terrível doença (que "ninguém descobriu…"), favorecerá temores quanto à retomada das atividades, incluindo o trabalho, perpetuando, assim, o processo de invalidez. Por sua vez, o empregador, sabendo que o trabalhador parece estar realizando atividades normais em casa, poderá achar que o mesmo está a dissimular a tal dor, leva em consideração perdas econômicas e a desorganização do trabalho devido à ausência do trabalhador, e apela baseado nesta ausência. Isto leva a ações legais que reforçará os temores do trabalhador, introduzindo frustração e um sentimento de falta de justiça, o que contribui, também, para a perpetuação do processo de invalidez. Neste sistema, múltiplos "apostadores" têm algo a dizer a respeito do diagnóstico e gerenciamento da invalidez e agem a partir de sua própria interpretação e compreensão da mesma. O paciente/trabalhador está exposto a estas opiniões e ações conflituosas devido à diversidade de interpretações do mesmo signo ou, a uma observação preconceituosa de diferentes sinais e, perde-se em tal complexidade. Retraimento da atividade é o resultado deste mau entendimento desta complexidade. A interpretação de signos é, obviamente, mais importante que os próprios sinais e podem ter um impacto tremendo no comportamento dos seres humanos. Isto inclui importantes questões de ordem social e ética.

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