Memória e o pragmatismo de Peirce

Autores

  • Daniel James Brunson The Pennsylvania State University - USA

Palavras-chave:

Cognição, Memória, Peirce, Percepção, Pragmatismo, Sinequismo

Resumo

Interpretações das freqüentes referências de Peirce de uma prova de seu tipo de pragmatismo variam, desde sua impossibilidade a sua substantiva inteireza - por exemplo, no escrito de 1907, "Pragmatismo" (EP 2.398 et seq.). Levando a sério a asserção de Peirce que o raciocínio filosófico "…não deve formar uma corrente que não seja tão mais forte do que seu elo mais fraco, mas um cabo cujas fibras possam ser tão delgadas, desde que sejam suficientemente numerosas e intimamente conectadas" (CP 5.265), este ensaio propõe uma fibra negligenciada no raciocínio de Peirce sobre Pragmatismo. Esta fibra é o valor da memória, usado especificamente para explorar as conexões entre Pragmatismo e Sinequismo. Em vários pontos Peirce sugere um forte elo entre o Pragmatismo e o Sinequismo, com a prova do primeiro estabelecendo a veracidade do último (CP 5.415; cf. CP 4.584). Ademais, Peirce assevera que "O argumento que me parece provar não apenas que há um tal concepção de continuidade pela qual me bato, mas que ela se realiza no universo, é que se assim não fosse, ninguém poderia ter qualquer memória" (CP 4.641). Assim, se a memória é evidência ou prova para a favor do Sinequismo, ela deve estar relacionada ao Pragmatismo. Aceitando que a praticamente indubitável existência da memória é prova do Sinequismo, como a memória se relaciona ao Pragmatismo? Como uma abertura para a inquirição, este ensaio explorará o papel da memória nas explicações que Peirce dá da cognição e percepção. Concernente o primeiro, Peirce identificou três tipos fundamentalmente diferentes de consciência: sentimento imediato, sentido polar, e consciência sintética. A memória é um exemplo deste terceiro tipo, juntamente com a inferência e o aprendizado (CP 1.376). Conseqüentemente, a memória não é uma reprodução rigorosa da sensação, mas, ao contrário, é uma inferência da mesma. Isto está de acordo com nosso segundo tópico a ser explorado, a percepção, pois lá a memória é uma generalização de um percepto em um fato perceptual. Mas qual a natureza desta generalização/inferência? Em CP 7.667, Peirce caracteriza a memória como "…um poder maravilhoso de construir quase-conjecturas ou sonhos que serão trazidos à luz por experiências futuras." A memória como um poder conjetural - isto é, hipotético - aparece, então, como a forma inconsciente (ou não-auto-controlada) da abdução e, em 1903, Peirce defende que o Pragmatismo é a lógica da abdução. Portanto, o Pragmatismo como uma máxima lógica pode ser entendida como concernente ao autocontrole da memória. Este ensaio terminará com alguns breves comentários sobre o papel da memória na semiótica peirceana.

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