Dewey e Rorty: um debate sobre justificação, experiência e o papel da ciência na cultura

Autores

  • Inês Lacerda Araújo Departamento de Filosofia – PUC-PR

Palavras-chave:

Justificação, Experiência, Naturalismo, Ciência/Tecnologia, Cultura

Resumo

A concepção de Dewey acerca do conhecimento, do uso inteligente da experiência, a verdade como ação transformadora e sua tese da reconstrução em filosofia, ensejam uma concepção de ciência como investigação, inquirição permanente, com uso social. Rorty argumenta a favor de práticas de justificação ao invés de uma epistemologia baseada na correspondência entre mente e realidade. É preciso abandonar noções tais como Verdade, Bondade ou Essência. Apenas em uma cultura de tolerância e solidariedade é possível avaliar o impacto da tecnologia e o mito de que a ciência é o lugar da verdade objetiva, da certeza e do controle neutro da natureza. Consideradas “livres”, imunes à avaliação, ficam fora do alcance das decisões políticas. Rorty se inspirou em Dewey, mas faz uma ressalva, sua “metafísica naturalística”. Mas há ressalva também quanto a Rorty: as práticas de justificação surgem da cultura, cujo papel é idealizado. Temos então duas perspectivas: uma (Dewey) que é mais prática e fácil de aplicar, pois segundo ele, ciência, experiência e inteligência podem prover a sociedade com melhores oportunidades de mudança social. A outra (Rorty) é difícil de aplicar, pois tolerância e conversação dificilmente são instrumentos realmente efetivos para avaliar a ciência e a tecnologia numa sociedade dominada por elas. Talvez o ironista liberal e as práticas públicas de solidariedade precisem levar em conta a educação no sentido proposto por Dewey.

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