Uma Perspectiva Pragmática da Lógica da Descoberta e da Criatividade

Autores

  • Tiziana Cocchieri
  • João Antônio de Moraes Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus de Marília

Palavras-chave:

Abdução, Lógica da descoberta, Criatividade

Resumo

No presente trabalho pretendemos articular o conceito peirceano de raciocínio abdutivo à dinâmica da lógica da descoberta e da criatividade. Para tanto, buscaremos primeiramente reconstruir o conceito de abdução. Segundo Peirce (CP, 2.96), o raciocínio de tipo abdutivo é da ordem de uma inferência que apresenta novos elementos à argumentação, que potencialmente poderia ser tomada como uma resposta razoável, ou conclusão provisoriamente válida, como as que são adotadas na lógica da descoberta. A ação mental criativa é regida por leis de ordem lógica, na qual o raciocínio abdutivo está inserido. Neste sentido, a ação mental criativa se desenvolve, em princípio, nas conexões de juízos conduzidos por meio da inserção de uma nova idéia que não havia sido anteriormente relacionada à rede de conceito do agente cognitivo. Este tipo de ação mental, quando organizado de acordo com a abdução, impulsiona o desenvolvimento dos processos que envolvem a lógica da descoberta e da criação. Segundo Peirce (CP 1.383), existe uma compulsão interior que nos leva a juntar idéias a partir de nossas perspectivas de tempo e espaço, tendo em vista o interesse de alcançar a inteligibilidade por meio das construções de sentido formadas nas conexões de idéias que estabelecemos em nossa mente. Neste contexto, o trabalho do artista e do cientista não se diferencia em muito. “O trabalho do poeta ou do novelista não é tão profundamente diferente do trabalho do homem de ciência” (PEIRCE, CP 1.383). Para esclarecermos esta afirmação apresentamos alguns exemplos na ciência e na arte, em que o raciocínio de tipo abdutivo se manifesta.

Edição

Seção

Artigos