Wittgenstein, Hipótese e Uso: As Análises do Tempo e a Pragmática da Linguagem, no Início da Década de Trinta

Autores

  • Guilherme Ghizoni da Silva FAPESP/ Universidade Federal de São Carlos – UFSCar - Brasil

Palavras-chave:

Linguagem Fenomenológica, Linguagem Fisicalista, Tempo, Métodos de Mensuração, Regra Gramatical

Resumo

O objetivo deste artigo é abordar, pelo viés das análises do tempo de Wittgenstein, no início da década de trinta, uma importante mudança que o leva, em seu pensamento tardio, a relacionar significado e uso (dando proeminência à dimensão pragmática da linguagem). Wittgenstein abandonará, já nos primeiros anos da década de trinta, a relação entre fenomenologia e gramática (sustentada por ele, principalmente, entre 1929 e 1930). O primeiro momento dessa ruptura é a constatação da impossibilidade de uma linguagem que se atenha à temporalidade dos fenômenos (a linguagem deve necessariamente desenrolar-se no tempo físico/hipotético). Porém, Wittgenstein ainda sustentará a distinção entre proposição genuína (que descreve a experiência imediata) e as proposições hipotéticas/fisicalistas (que descrevem objetos físicos). Será apenas por volta de 1931 que a noção de uso ganhará proeminência, com o fim do privilégio gramatical, semântico e ontológico do presente da experiência imediata (selando o fim da idéia de proposição genuína). Esse seria um ponto de inflexão que direciona Wittgenstein a um viés que contém elementos do pragmatismo, pois, embora as regras gramaticais passem a ser concebidas como arbitrárias (não mais determinadas pelos fenômenos), haveria uma dimensão pragmática, que restringiria a arbitrariedade. Proposições só serão proposições gramaticais nos contextos em que seja praticável e útil o seu uso como regras. Ou seja, cada contexto determinará, de acordo com o que lhe é útil, quais proposições têm o seu valor de verdade fixo ao longo do tempo (funcionando como regras) e quais serão passíveis de alteração (as proposições empíricas).

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