C.S. Peirce e Aristóteles sobre o Tempo

Autores

  • Demetra Sfendoni-Mentzou Aristotle University of Thessaloniki - Greece

Palavras-chave:

Peirce, Aristóteles, Tempo, Continuidade, Infinitesimais

Resumo

A questão concernente à natureza do tempo está intimamente relacionada à antítese tradicional entre o universo parmenidiano a-temporal estático e o modelo dinâmico do vir-a-ser. Isso está maravilhosamente ilustrado na teoria peirciana do fluxo do tempo. Nesta rejeição da visão de mundo atomista, Peirce tratou o tempo em relação íntima com os processos físicos. Ele então propôs uma teoria extremamente interessante que tem certo parentesco com teorias contemporâneas da flecha do tempo. Entretanto, o que torna essa abordagem extremamente interessante é não apenas seu ar demodernidade, mas suas notáveis semelhanças com Aristóteles (Física, livro IV, esp. caps. 10-14). Meu propósito, portanto, neste trabalho é reconstruir a teoria do tempo de Peirce à luz da filosofia de Aristóteles. Meu ponto de partida será a análise de continuidade em relação aos infinitesimais (6.109), por meio da qual ele pode tratar o tempo como um “continuum par excellence” (6.86, 1898), que não é uma coleção estática de instantes discretos (ver MS 137, p. 4- 5, 1904), mas uma coleção de possibilia reais (ver NE, 360), tornando assim
possível a compreensão do fluxo do tempo (6.11). Então prosseguirei com o exame da conexão do tempo de Peirce, como um continuum real, com a idéia de infinito. A este respeito, focalizarei a sua rejeição da infinidade verdadeira – no sentido zenoneano-atomístico-cantoriano – e sua adoção da idéia aristotélica de potencial infinito (Física, livro III, caps. iv-viii). Argüirei, portanto, que o que levou Peirce a passar da análise lógico-matemática de continuidade para uma teoria ontológica foi seu apelo à potencialidade no seu tratamento de continuidade-infinidade-tempo. Isto, creio, foi o resultado da influência que ele recebera de Aristóteles, que estava também profundamente preocupado em dar à mudança, movimento e vir-a-ser, seu lugar apropriado na natureza. Assim, tanto Peirce quanto Aristóteles puderam construir uma teoria dinâmica do tempo, intimamente relacionada à idéia de infinidade potencial, que expressa um processo físico sendo progressivamente atualizado,
de tal modo que ele jamais poderá existir como um todo imaginado.

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Publicado

2013-01-22

Como Citar

Sfendoni-Mentzou, D. (2013). C.S. Peirce e Aristóteles sobre o Tempo. Cognitio: Revista De Filosofia, 9(2), 261–280. Recuperado de https://revistas.pucsp.br/index.php/cognitiofilosofia/article/view/13389

Edição

Seção

Artigos sobre Pragmatismo