Indivíduo e Socialidade na Ciência: O “Realismo Social” de G.H. Mead

Autores

  • Rosa Calcaterra

Palavras-chave:

G.H. Mead, Realismo, Socialidade, Experiência individual, Naturalismo

Resumo

Os pragmatistas clássicos compartilhavam da confiança nas possibilidades emancipadoras dos métodos e resultados científicos, embora de modo diferente. Um de seus propósitos mais importantes era mostrar que a atividade científica sugere a superação de uma série de dicotomias – sujeito/objeto, mente/natureza, teoria/prática – que perpassam as tradicionais filosofias tanto idealistas quanto empiristas. A utilização do conhecimento biológico e da psicologia experimental por parte de G.H. Mead, no decurso de sua pesquisa filosófica, representa uma tentativa de alcançar esse propósito por meio de uma explicação da consciência humana como um fenômeno específico da vida biológica e, ao mesmo tempo, por meio do desenvolvimento de uma psicologia social, concebida como uma análise empírica do relacionamento entre as estruturas da vida social e a dinâmica da subjetividade. Minha intenção é esboçar os principais argumentos que Mead avança na sustentação de um realismo epistemológico centrado na idéia de uma natureza social das atividades cognitivas. A formulação de um conceito de experiência individual em termos de aspectos funcionais, orgânicos do desenvolvimento das ciências, e a perspectiva destes últimos como um processo “construtivo” de significados objetivos socialmente válidos serão considerados como os parâmetros de uma visão filosófica que visa à neutralização do risco do ceticismo implícito na oposição sujeito e mundo físico, que caracteriza as formas tradicionais de realismo, assim como os resíduos idealistas de teorias que enfatizam o aspecto lógico da pesquisa científica. Levando em consideração um grupo de textos cobrindo toda a obra de Mead, eu focalizarei a congruência desse projeto com uma teoria naturalista da mente e da linguagem por meio da qual ele tenta reestruturar uma série de noções filosóficas básicas, tais como de universalidade, significado simbólico, verdade e objetividade, à luz de uma concepção de processos de conhecimento definíveis como “realismo social”.